segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Revolucionários de academia

























Entrei na universidade aos dezenove anos. Acreditava sinceramente que o capitalismo era o culpado de todas as mazelas do mundo. Estava imbuído do espírito de mudança. Então meu primeiro alvo, e dos meus companheiros, era o capitalismo. Os discursos eram inflamados! Contra a burguesia, contra o capitalismo, contra a exploração das classes trabalhadoras, pela revolução operário-camponesa. Eu era um revolucionário! Pelo menos acreditava nisso. Havia companheiros mais experientes na arte de fazer a revolução. Já tinham passado dos 25 anos e também pregavam a revolução. Já tinham sido jubilados, por manobras da burguesia, mas continuavam ao lado dos explorados. Já se passaram vinte anos.

Os acontecimentos na USP mostram que o tempo passou, mas as caricaturas de revolucionários persistem. Os discursos também. “Ficou claro que a classe capitalista é totalmente incapaz de gerir a riqueza produzida pelo homem”. Esse discurso não é de um revolucionário dos anos 60, não, pessoal. É de Rafael Alves (na foto da esquerda), um sujeito já beirando os 30, que passou sete anos e não conseguiu terminar o curso, sendo jubilado. Esse tiozinho fez novo vestibular e continua mamando nas tetas do capitalismo que ele diz que quer acabar. Alguns invasores da Reitoria da USP fazem parte Liga Estratégia Revolucionária (LER-QI). Eu jurava que isso fazia parte da história. As duas últimas letrinhas não se referem ao que os revolucionários de academia não têm: inteligência. Referem-se a Quinta Internacional, organização marxista criada em 1938 por Leon Trotsky.

O outro revolucionário anticapitalista é uma mistura de Abominável Homem das Neves, Capitão Caverna e Raul seixas esmolambado. Chama-se Lucas Pessoa (na foto da direita), é estudante do terceiro ano do curso de Letras e faz parte de um movimento anticapitalista chamado Ocupa Sampa, seguindo a onda que vem de Wall Street. Num discurso, um manifestante falou que “a gente pode estar a poucos dias de desencadear uma revolução sem volta”. O inepto deveria saber que a única revolução que estaria ao alcance dos invasores da reitoria da USP, eles se recusam a fazer: mudar o discurso raso e ir estudar para contribuir com o capitalismo que os sustenta. Aceito que jovens adolescentes que mal saíram dos cueiros tenham esse discurso “anos 70”. É a inexperiência e o espírito intrépido típico da idade. Mas um sujeito beirando os trinta proferir um discurso dessa natureza é retardamento mental.

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