segunda-feira, 30 de junho de 2014

Cinema nacional: Meu passado me condena



Baseado numa série homônima do canal Multishow, Meu passado me condena (2013), filme de estreia Júlia Rezende, é uma comédia que diz a que veio: fazer rir. Gravada num cruzeiro de verdade, às vezes as cenas parecem que foram feitas às pressas. E de fato algumas foram, para aproveitar a presença ou ausência dos passageiros (os figurantes não eram contratados, para isso foram usados os passageiros do cruzeiro), os locais de parada do navio e terminar antes do fim da viagem.
Fábio (Fábio Porchat) e Miá (Miá Mello) se casam depois de um mês de namoro e resolvem passar a lua de mel num cruzeiro. Lá, o casal vai se deparar com o passado que os condena. No mesmo navio estavam os ex dos dois, interpretados por Juliana Didone e Alejandro Claveaux. Entre os dois casais criando situações para encrenca-los, estão Wilson (Marcello Vale) e Suzana (Inez Viana), funcionários do cruzeiro.
Daí pra frente o que rola é muita trapalhada, algumas delas bem infantis, mas não dá para esperar muito de uma comédia voltada para o grande público. Na chegada à Europa entra em cena mais um personagem, Cabeça (Rafael Queiroga), amigo de Fábio que vai atrapalhar ainda mais a relação dos recém-casados. É possível dá umas boas risadas...  

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Essa “bosta” do politicamente correto



Desde que essa praga do politicamente correto se espalhou pelas mentes mais simplórias, falar qualquer cretinice é motivo de escândalo. O politicamente correto veio para imbecilizar aqueles que já tinham uma tendência imbecilizante e justificar a idiotice de outros. E o que é pior: veio para tornar raso todo e qualquer debate que exija o mínimo de profundidade. O politicamente correto veio dá voz aqueles espíritos mais “sensíveis” que acham que palavras curtas e diretas são ofensivas e que preferem termos longos e obscuros que, muitas vezes, não dizem nada.
E as patrulhas ficam com seus radares politicamente corretos ligados na espera do primeiro incauto que digam alguma cretinice para pespegar um pito no desavisado. E o cretino incauto da vez é o jornalista, escritor e autodenominado historiador Eduardo Bueno, o peninha, que disse no programa Extraordinários, do Sportv, que o Nordeste é uma “bosta”. Sou nordestino mas, dependendo do ponto de vista, ele está certo!
Uma região onde o analfabetismo beira os 20% da população (segundo o IBGE), é uma bosta; uma região que lidera os casos de exploração do trabalho infantil (segundo também o IBGE) é uma bosta; uma região que criou e alimentou politicamente figuras como ACM, Sarney, Severino Cavalcanti e Inocêncio Oliveira é uma bosta. Mas, felizmente, o Nordeste não é só isso. Como bom Nordestino considero a música, a comida, o sotaque, o temperamento do povo incomparáveis. Nesse aspecto, o Sul é uma bosta!  O Sudeste é outra bosta!  
Eduardo Bueno acertou ao dizer que, sob determinados aspectos, o Nordeste é uma bosta. Errou ao incluir apenas o Nordeste nesse lodaçal escatológico. Não é somente o Nordeste que nada nas águas plácidas da privada nacional. Na verdade, todo o Brasil é uma bosta!

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Um conto de duas cidades – Charles Dickens



Lançado originalmente em 1859, Um conto de duas cidades é considerada pelo próprio autor sua maior e melhor criação. Com um profundo realismo e precisão histórica, a trama começa um pouco antes da Revolução Francesa e vai até a Era do Terror, época em que milhares de pessoas foram executas por serem nobres ou por suspeitas de atitudes contrarrevolucionárias.  As duas cidades a que se refere o título são Londres e Paris, uma a cidade natal dos Manette, a outra a cidade para onde fogem para fugir da Revolução.
O doutor Menette passou 15 anos preso na Bastilha e, logo depois de solto, é resgatado da França e levado para Londres, onde vive a sua filha. No entanto, os anos de prisão afetaram gravemente sua saúde mental. Tempos depois, seu genro de ver na necessidade de retornar à França em plena Era do Terror, que implicava em grande risco, pois morar fora da França era interpretado pelos radicais franceses como uma traição.
Com a prisão do genro, o doutor Manette, a família e muitos amigos se veem obrigados a ir para a França na tentativa de libertá-lo. Esse fato é usado por Dickens para explorar minuciosamente o momento histórico pelo qual passava a França. Uma obra densa e com forte teor histórico-realista. Uma obra para ler e guardar na estante...   

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Cinema nacional: Pelé eterno

Em tempos de Copa de Mundo no Brasil, nada mais apropriado do que falar de Pelé. Refiro-me tão somente ao atleta, o jogador de futebol genial, mesmo por que quando vemos a vida do Edson Arantes do Nascimento, o cidadão, sua trajetória é reprovável. E o filme Pelé eterno (2004), do diretor Aníbal Massaini se atem somente ao atleta para não passar pelo constrangimento de falar sobre o cidadão.
E como atleta, os números Pelé impressionam: em 21 anos de carreira fez 1281 gols em 1375 jogos; em 129 desses jogos, marcou três ou mais gols; foi artilheiro do campeonato paulista por dez anos; venceu três Copas do Mundo, dois mundiais de clubes e nove campeonatos paulistas. Acha pouco? Pelé não é apenas número: chutava com as duas pernas, era bom cabeceador, driblava muito bem, cobrava falta e pênalti como ninguém, era veloz com a bola nos pés, dava assistência e sabia provocar os marcadores. Em suma: um jogador completo.
Se alguém me perguntasse se algum outro jogador de futebol se aproximou de Pelé em qualidades, eu diria que o falecido Denner, que morreu em 1994 no início da carreira, poderia chegar próximo do que Pelé foi. Maradona? Cristiano Ronaldo? Messi? Neimar? Pernas-de-pau perto do “atleta do século”.
O filme demorou cinco anos para ser concluído e inclui depoimentos de ex-atletas que jogaram contra e a favor de Pelé, além de jornalistas esportivos. Há imagens restauradas e recriações de fatos e jogadas que marcaram a sua história, como o gol de placa marcado no Maracanã e o gol que o próprio Pelé considera o mais bonito da sua carreira, marcado quando ele tinha apenas 19 anos contra a Juventus da Rua Javari.
Como atleta, Pelé conseguia o inusitado, como a expulsão do árbitro que o expulsou. Não entendeu? Numa excursão da Santos pela Colômbia, um juiz expulsou Pelé de campo. A torcida, que havia pago ingresso para vê-lo jogar, quase botou a estádio abaixo até o Juiz ser substituído por outro e Pelé voltar a campo.
Esqueçam o Pelé extracampo e assistam Pelé eterno, o filme sobre o verdadeiro e único fenômeno do futebol, a lenda que colocou a bola e o mundo a seus pés.


quarta-feira, 18 de junho de 2014

O homem do castelo alto – Philip K. Dick

As tropas do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) vencem a Segunda Guerra Mundial e os Estados Unidos são divididos entre alemães e japoneses. Esse é o ponto de partida do romance distópico O homem do castelo alto, considerado a obra-prima do norte-americano Philip K. Dick. Toda a trama se passa em 1962, num EUA onde os negros são escravos, os judeus se escondem e Hitler está demente e internado num sanatório e os alemães estão tentando colonizar Marte e a Lua.
São vários personagens, interligados entre si direta ou indiretamente. Frank Frink é judeu, mas esconde sua condição por medo da prisão e da morte certas; Juliana Frink é ex-mulher de Frank e professora do judô; e Nabusuke Tagomi, representante de comércio japonês em São Francisco. Esses três personagens têm em comum o fato de guiarem suas vidas pelo I Ching.
Por outro lado temos Robert Childan, propriedade de uma loja de antiguidades que forja a idade das peças que vende, tem como principal cliente o japonês Tagomi; e o capitão Rudolf Wegener, agente da contraespionagem do Reich que está disfarçado como um rico industrial sueco em viagem de negócios aos EUA para espionar os japoneses.
Além da trama do livro, corre outra trama, do romance O gafanhoto torna-se pesado, do ficcional Hawthorne Abendsen, que conta a história da vitória aliada na Segunda Guerra, mas com resultados diferentes da história que conhecemos. Quando se trata de Philip K. Dick, a pergunta que fica é: afinal, o que é realidade?