segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Entre prostitutas e rufiões

No final de janeiro, os irmãos Jorge e Joaquim Siqueira (foto acima) foram presos na Grande Vitória acusados de promover um arrastão num ônibus usando uma arma de brinquedo. Na delegacia, Jorge confessou o crime e disse que “o crime é uma uva. Gostosinho!”. Jorge não é sociólogo, não é antropólogo nem filósofo, mas definiu com maestria o que é o crime no Brasil: “uma uva. Gostosinho!” Num país onde se vive entre prostitutas e rufiões do dinheiro público, o crime deve ser muito ”gostosinho”. Num país onde impera o desejo desenfreado de ganhar dinheiro, de preferência sem trabalhar e de forma ilegal, o crime deve ser “uma uva” mesmo. 
E olha que não estou me referindo somente à nossa indigna classe política, que aí já é exigir virgindade de prostituta. Estou falando de todo mundo: dos miseráveis aos abastados; de doutores à analfabetos; do Executivo ao Legislativo, passando pelo Judiciário; do municipal ao federal, passando pelo estadual; do cabo da enxada à toga; do Oiapoque ao Chuí; das prostitutas aos rufiões. Quem ainda não cometeu um deslize moral é por que ainda não teve sua honestidade colocada à prova.
São advogados que abusam de seus clientes ao cobrarem honorários exorbitantes; são médicos que fazem cirurgias ou prescrevem remédios desnecessariamente em troca de uma graninha extra dos laboratórios; são professores que fazem de conta que dão aula e alunos que fazem de conta que aprendem; são juízes que cobram para fazer justiça, proferindo sentenças em troca de bojudas mesadas; frauda-se o seguro-desemprego, o INSS, a inteligência alheia e a paciência de todos. Nesse grande prostíbulo moral, quem é passado para trás é o cliente que paga para não ter o serviço prestado e continua virgem, até que alguma puta lhe abra as pernas.
É, Jorge, numa país de prostitutas e rufiões, nem deus é fiel...