- Isabel, meu amor, não suporto mais essa situação!
- Tenha calma, Otávio.
- Como calma?
- Calma, ué!
- Pra você é fácil falar. Você está com os dois.
- Foi você quem começou tudo isso!
- Eu sei! Não precisa lembrar. Já me arrependi. Posso?
- Pode! Só não pode reclamar.
Silêncio.
- Vamos tentar resolver essa situação.
- O que você propõe?
- Abra o jogo com ELE! Fale tudo pra ELE! Fale da minha existência!
- Se eu fizer isso é o fim, você sabe. ELE não vai aceitar esse triângulo.
- Eu sei.
- E você ainda propõe isso?
- E você quer que eu diga o que?
- Sei lá, Otávio!
- Belzinha, meu amor, meu doce, eu não estou agüentando. Eu sonho em poder passear de mãos dadas com você, irmos ao cinema, almoçarmos juntos.
- Tavinho, meu bem, você sabe que, por enquanto, isso é impossível. Se ELE nos flagra nessa situação, é o fim!
Otávio faz muxoxo. Isabel demonstra impaciência.
- Você sabe que eu só propus isso por amor.
- E você sabe que eu só topei por amor.
- Então vamos resolver tudo isso por amor!
- Eu amo você! Mas eu gosto de fazer amor com ELE. É gostoso fazer amor com ELE.
- Eu entendo. E aceito isso numa boa. Mas é que nós não temos liberdade. Temos que nos esconder.
- Você tem que ter paciência.
- Estou tentando.
Novo muxoxo de Otávio. Nova impaciência de Isabel.
- A situação é tão dolorida pra mim! Pra você ter uma idéia que, nem as ligações DELE você atende na minha frente. Pô, Isabel!
- Otávio, vou repetir: foi você quem começou essa história. Foi você mesmo quem disse que um amante apimentaria o nosso casamento. Traria mais emoção. Foi você quem pediu para que eu arrumasse um amante discreto para alimentar as nossas fantasias. Portanto, agora não venha reclamar!
Era verdade. Otávio calou-se.
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