segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Ele, ela e ELE

- Isabel, meu amor, não suporto mais essa situação!

- Tenha calma, Otávio.

- Como calma?

- Calma, ué!

- Pra você é fácil falar. Você está com os dois.

- Foi você quem começou tudo isso!

- Eu sei! Não precisa lembrar. Já me arrependi. Posso?

- Pode! Só não pode reclamar.

Silêncio.

- Vamos tentar resolver essa situação.

- O que você propõe?

- Abra o jogo com ELE! Fale tudo pra ELE! Fale da minha existência!

- Se eu fizer isso é o fim, você sabe. ELE não vai aceitar esse triângulo.

- Eu sei.

- E você ainda propõe isso?

- E você quer que eu diga o que?

- Sei lá, Otávio!

- Belzinha, meu amor, meu doce, eu não estou agüentando. Eu sonho em poder passear de mãos dadas com você, irmos ao cinema, almoçarmos juntos.

- Tavinho, meu bem, você sabe que, por enquanto, isso é impossível. Se ELE nos flagra nessa situação, é o fim!

Otávio faz muxoxo. Isabel demonstra impaciência.

- Você sabe que eu só propus isso por amor.

- E você sabe que eu só topei por amor.

- Então vamos resolver tudo isso por amor!

- Eu amo você! Mas eu gosto de fazer amor com ELE. É gostoso fazer amor com ELE.

- Eu entendo. E aceito isso numa boa. Mas é que nós não temos liberdade. Temos que nos esconder.

- Você tem que ter paciência.

- Estou tentando.

Novo muxoxo de Otávio. Nova impaciência de Isabel.

- A situação é tão dolorida pra mim! Pra você ter uma idéia que, nem as ligações DELE você atende na minha frente. Pô, Isabel!

- Otávio, vou repetir: foi você quem começou essa história. Foi você mesmo quem disse que um amante apimentaria o nosso casamento. Traria mais emoção. Foi você quem pediu para que eu arrumasse um amante discreto para alimentar as nossas fantasias. Portanto, agora não venha reclamar!

Era verdade. Otávio calou-se.

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