quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Galiléia – Ronaldo Correia de Brito


Ronaldo Correia de Brito é médico, cearense e mora no Recife. Galiléia tanto pode considerado um romance como um ensaio ficcional sobre o sertão que, como diz o autor “tanto pode significar um espaço mítico como um acidente geográfico”. O ponto de partida é a vigem de três primos (Adonias, Ismael e Davi) ao sertão do Ceará. Depois de anos fora, os três retornam à fazenda Galiléia, do seu avô Raimundo Caetano, que está agonizando após comandar com mão de ferro a sua propriedade.
Esses três homens, que fazem parte de uma geração que largou o campo para viver na cidade, fizeram de tudo para cortar seus laços com a região, mas a obrigatoriedade do retorno faz com que todo o repertório de aflições, angústias e traições venha à tona. A identidade dúbia dos personagens e os sentimentos reencontro/despedida servem de metáfora à crise de identidade dos sertanejos. No que eu discordo. O sertanejo tem uma identidade muito bem definida, com uma cultura riquíssima e fértil.
O personagem Raimundo Caetano encarna muito bem essa dubiedade. Ao mesmo tempo em que renegou seus filhos bastardo, entregando-os a desconhecidos, tratou de registrar como filho seu um neto, Ismael, filho bastardo do seu filho mais velho, um dos primos viajantes. O livro retrata as belas imagens do sertão nordestino, trazendo à lembrança dos filhos da terra as belas paisagens que marcam a região, apesar do pesadelo da seca. Um livro para ler e rememorar. 

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