quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O “perigo” dos best-sellers


Estive lendo dias atrás no blog Biblioteca de Raquel a entrevista com o presidente da Feira do Livro de Frankfurt, Jurgen Boos (na foto acima), que esse ano tem como convidada de honra é a Nova Zelândia e no ano que vem é o Brasil. Ao falar sobre a crise do mercado editorial, Jurgen disse: “O mais interessante é que há mais títulos publicados do que nunca, os preços subiram um pouco e o faturamento continua o mesmo. A conclusão: menos exemplares por títulos, as pequenas vendendo menos, e best-sellers como Cinquenta Tons de Cinza vendendo mais do que nunca. Isso é perigoso, porque mostra que as pessoas estão interessadas só naquilo que é muito divulgado. Isso acontece no mundo inteiro. É um problema de educação. Temos de mostrar às crianças que há mais.
o brasileiro lê, em média, quatro livros por ano, mas somente a metade da população pode ser considerada leitora, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Pró-Livro. Por que o brasileiro lê tão pouco? Só para efeitos de comparação, nossos hermanos argentinos leem o dobro. Não podemos culpar os preços, é possível comprar livros de R$ 10,00. Contra o argumento do preço alto dos livros temos “os fenômenos editoriais”, o último deles Cinquenta Tons de Cinza, cujo preço deve ficar em torno de R$ 50,00, mas está vendendo como água. Já vendeu mais 40 milhões de exemplares.
Talvez Boors tenha razão quando diz que é “um problema de educação”. Não se estimula a leitura no Brasil como deveria. O estímulo não deve acontecer apenas na escola, onde a criança fica apenas quatro horas. O estímulo tem que acontecer em casa, com a família. Aí está o problema! É raro encontrarmos uma casa com biblioteca, por mais modesta que seja. Tenho o hábito de comprar e ler livros e sou visto, em muitos meios, como excêntrico. Para aqueles espíritos mais benevolentes, “esquisito”. O estímulo não pode acontecer para vender apenas um título “da moda”. O mercado editorial não tem que ser encarado apenas como um negócio, mas também como uma questão de sobrevivência cultural de um povo.

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