quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O caderno de Maya

Diferente da maioria das obras de Isabel Allende, O caderno de Maya se passa nos dias de hoje e trata de um tema atual: as drogas. Segundo a autora, em entrevista ao Jornal Sol, o livro nasceu de um pedido dos seus netos, que queriam uma história cujo tema lhes interessasse. Mas poderia ter sido influenciada pelos próprios problemas familiares: seus enteados são dependentes de drogas. O livro é narrado em primeira pessoa através do diário da personagem Maya Vidal, de 19 anos, “uma rapariga saudável, atlética, boa estudante, inteligente e muito ligada aos avós”, segundo a descrição da própria autora. Quando o seu “Popo” (avô) morre, Maya entra numa espiral de drogas e álcool. Péssimas amizades e confrontos com a lei vão marcar a sua vida nos doze meses subseqüentes.

Sem surpreender a quem já conhece a genialidade narrativa da autora, Isabel se supera ao narrar, através de sua personagem Maya, a morte do Popo desta. É comovente! De encher os olhos de lágrimas. E esse é o ponto de partida para a decadência de Maya. Envolvendo-se com drogas, com o crime organizado e policiais corruptos, Maya participa de uma maratona rumo ao submundo. Vítima de estupro e de todos os tipos de violência, terá que lutar não apenas contra a dependência de álcool e drogas, mas também fugir dos inimigos colecionados durante esse período. É exatamente durante o exílio forçado na ilha chilena de Chiloé, onde foi se esconder, que Maya vai escrever o caderno com a sua história.

Apesar de já fazer parte das grandes obras escritas por Isabel Allende, O caderno de Maya não é uma unanimidade. Para alguns críticos, o livro deixa transparecer a idéia de que as transgressões e crimes cometidos na juventude serão fatalmente resolvidos no decorrer da vida. Independente disso é um livro que se deve ler. Ninguém conta histórias sobre mulheres fortes e determinadas de modo tão apaixonante como Allende. É um livro para ser não apenas lido, mas devorado página a página.

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