sábado, 14 de janeiro de 2012

Nero

Quando falei de Calígula no post do dia 04 de novembro do ano passado, eu disse que a história é escrita pelos vencedores e os feitos de quem perde são deturpados. O que aconteceu com Calígula aconteceu também com o seu sobrinho, Nero, que governou Roma de 54 a 68. O que se sabe de Nero é através dos relatos de Suetônio, Tácito e Cássio Dio. Contra esses relatos pesam duas “acusações”: os três representavam os interesses do Senado, inimigo de Nero; e nenhum deles foi testemunha ocular dos fatos. Isso não quer dizer que o imperador fosse um anjo de candura. Não! Ele era mau. Matou a mãe, duas esposas e o irmão de criação e adorava perseguir e matar cristãos. Mas não era louco.

Nero chegou ao poder com a ajuda da mãe (que depois matou), Agripina, que envenenou o seu marido, o imperador Cláudio, padrasto de Nero. Como o herdeiro legítimo era muito novo, o filho de criação assumiu o trono. Dizem as más línguas que os dois, mãe e filho, eram amantes, mas nada que comprove. O que depõe contra Nero é o fato dele ter se aproximado da plebe, distanciando-se dos interesses das magistraturas militares e civis. O assassinato da mãe agravou situação de Nero (“O sujeito que matou a mãe”) perante o Senado.

Para compensar a falta de apoio dos senadores, o imperador se aproximou do povo: participava de banquetes públicos e realizava torneios com várias modalidades, competindo nas provas de música e corrida eqüestre. Passou também a cantar, organizar espetáculos circenses e declamar poesias. Largou a sua terceira esposa depois de conhecer o jovem Esporo, que mandou castrar e vestiu-o de mulher, casando com ele e dando-lhe o nome de Popeia Sabina. A sua vida privada era do conhecimento de todos. Tudo isso ia de encontro ao que se esperava de um imperador: reclusão e distância do grande público.

Há também mitos sobre Nero. Um deles foi o incêndio de Roma. Não há evidências de que tenha sido Nero o responsável pela destruição da cidade. Mas a acusação pesou sobre ele. Para livrar-se dela, Nero responsabilizou os cristãos e mandou executá-los. Nero foi um bom imperador? Difícil dizer. Mas que era popular isso era indiscutível. Era uma espécie de imperador-celebridade. Acuado pelo senado matou-se com uma punhalada no pescoço em 68.

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