terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A revolução masculina ou: Machismo oportunista

O cartunista Laerte Coutinho, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, no último dia 20, afirmou que os homens nunca fizeram a revolução masculina. “Existiu a tal da revolução feminina, que é um dos marcos da humanidade. O que não aconteceu é a revolução masculina”. O cartunista cita o exemplo de Marlene Dietrich, que causou comoção ao usar calças na década de 20. Laerte é, indiscutivelmente, uma revolução encarnada numa só pessoa. Em 2010 resolveu se vestir, publicamente, de mulher, sem abdicar de relacionamentos héteros. Claro que sua atitude causou estranheza e perplexidade numa sociedade que sente a necessidade de enquadrar a todos em algum verbete. Principalmente quando se trata de sexualidade.

Admiro o Laerte pela capacidade e pela coragem de auto indefinir-se. É preciso muita atitude. Mas confesso, mesmo correndo o risco de ser enquadrado no verbete “machista”, que não tenho vontade nem disposição de usar saias, pintar unhas ou usar maquiagem. Nem em público, nem na minha santa privacidade. Naturalmente que isso nada diz sobre a minha sexualidade. Posso ser enquadrado (ou não) em qualquer verbete mesmo sem usar saias.

Não tenho necessidade de ser forte e competitivo, sustentar a casa e a família, ter todas as respostas e nenhuma dúvida, gostar de futebol, fórmula um e de vale-tudo, dar tapas nas costas do colega (nunca um beijo), falar bastante de mulher, sem jamais falar da minha intimidade, ser insensível, dar mesada para a esposa, fazer o imposto de renda, fazer pequenos consertos em casa. Essas supostas prerrogativas masculinas não estão em meus planos. Sou homem. Ponto. Feminino quando tem que ser e masculino quando necessário.

Não me atrai o discurso feminista de maior participação do homem na vida doméstica, principalmente na criação dos filhos. Em alguns países, como Suécia e Alemanha, já há licença alternada (os três primeiros meses para a mãe, os outros três seguintes para o pai), como forma de promover um contato maior entre pai e filho e, além disso, colocar, finalmente, mulheres e homens em pé de igualdade, tanto no mercado de trabalho, quanto na divisão das tarefas. Tô fora! Criança, para mim, pertence ao futuro, não ao presente. Não tenho a mínima intimidade com cocô, fraudas e choro de madrugada (ou em qualquer horário).

Se for para criar mais um verbete, vamos lá: Sou um machista de ocasião, oportunista. Quero continuar dentro do ovo.

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