quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

O Túmulo da Puta Desconhecida

Em 1849, foi criado o primeiro Túmulo do Soldado Desconhecido, na Dinamarca, para homenagear os soldados mortos na Primeira Guerra de Schleswig. Esses monumentos foram erigidos pelas nações para honrar os soldados mortos em batalha cujos corpos não foram identificados. São túmulos simbólicos, embora alguns contenham restos mortais de soldados. Quero propor a criação do Túmulo da Puta Desconhecida, como forma de homenagear todas as putas, inclusive as conhecidas, reais ou fictícias, mortas em “batalha” ou de velhice.

A proposta é perfeitamente justificável. É uma das profissões mais antigas, mais antiga até mesmo que a de soldado. O primeiro combate se deu antes na cama. A iniciação de muitos jovens se dá com essas profissionais. Era comum até bem pouco tempo, hoje a freqüência é menor, mas ainda persiste, o pai do adolescente (aquele sujeito que não quer ser mais criança, mas ainda não é homem), estimulá-lo a freqüentar um bordel para entrar na vida adulta. Claro que às escondidas da mãe, que acredita que o marmanjo, já de cabelo no saco, ainda não deixou os cueiros.

A puta, em muitos casos, é a porta de entrada para os prazeres do sexo (mesmo na Era da AIDS). Que profissional é capaz de, após um dia (ou uma noite) de trabalho, fazer a mesma coisa ao chegar em casa, dessa vez apenas por amor e prazer? Nem o soldado é capaz! De todos os profissionais liberais, a puta é a mais liberal.

Que mulher, por mais honesta (não que a puta não o seja), não gosta de ser chamada de “puta” naqueles momentos íntimos com seu único homem? Se diz que não gosta é por que não foi chamada ainda. Se foi chamada e diz que não gostou é por que reprime a devassidão que grita dentro de si. Essa é a puta ficcional. Toda mulher é puta! Real ou fictícia. A puta permeia as nossas fantasias e habita nosso submundo. Seria de uma ingratidão impagável (sem trocadilhos) não erigirmos um monumento à puta desconhecida, primeira cama de muitos de nós, que nos abre as pernas como quem abre uma enciclopédia.

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