segunda-feira, 1 de outubro de 2012

As mulheres lindas*


As mulheres lindas têm um olhar como que triste,
Pois sonham que o mundo fosse igual a elas.
Um sem-número de rosas a todos os cantos,
Eternas canções de primaveras.

As mulheres lindas têm um gesto como que esquecido,
Pois desejam que os amantes fossem como as folhas em outono,
Como as notas de um violão plangente
Que somem no luar evanescente

As mulheres lindas têm um toque como que findo
Pois querem que os encontros fossem como o vento que está indo
Como um halo de estrela cadente
Como o vermelho odor dos vinhos noturnos

As mulheres lindas têm um amor como que espinho
Pois precisam que os enlaces fossem como que picantes
Como veneno quase mortal, mas efêmero
Como, ao perfurar o peito, o rútilo do gládio lancinante.

As mulheres lindas têm um suspiro como que de deusas,
Pois sentem que o êxtase fosse como que pedaços de céus,
Como a entrega de Vênus aos seus recônditos caprichos
Em seus enleios que não deixam laços.

As mulheres lindas, por serem lindas, têm um adeus como que nunca foi
Pois sabem que ficam para sempre, mesmo que sejam um raio na tempestade
Como que mulheres lindas, pois são lindas,
Despedem-se a cada instante que nos encantam, com doce sabor de maldade. 

*Elio Cunha – Professor e poeta.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário