quarta-feira, 16 de novembro de 2016

O verso do cartão de embarque – Felipe Pena

“Essa história de príncipe encantado foi criada para confundir os hormônios femininos”.
A crônica, de autoria de Antônio Pastoriza, é publicada no jornal pouco antes dele entrar no avião. O título dela é o mesmo do livro e se inspira no momento em que o personagem coloca o número do telefone e o nome no verso do cartão de embarque para o caso de uma emergência. A crônica é dedicada a uma personagem misteriosa: Nina, uma ex-namorada que ninguém conhecia pelo apelido íntimo. Mas quem é Nina? Esse é o ponto de partida de O verso do cartão de embarque, terceiro livro do jornalista e professor da Universidade Federal Fluminense Felipe pena, publicado em 2011.    
“Caos não é desordem. É a criação de uma nova ordem no interior da própria desordem”.
O primeiro capítulo do livro traz a misteriosa crônica. Os demais capítulos se dividem entre a narrativa de Antônio Pastoriza sobre a sua viagem; as divertidas e patéticas atas de reuniões dos professores da universidade onde Pastoriza trabalha, que tentam desvendar o mistério da identidade de Nina e do paradeiro do professor, mas que nunca chegam a uma conclusão; e as histórias da jornalista Berenice e a nutricionista Nicole, as duas ex-namoradas que atribuem a si o misterioso apelido de “Nina”. Ambas serão alvos da “investigação” levada a cabo pela comitiva de professores que querem descobrir, afinal, quem é Nina.
“As frases não ditas são eternas”.
Curiosamente, a orelha do livro é escrita pelo misterioso personagem Antônio Pastoriza, algo incomum. Mas o autor justifica: “A orelha é um exercício de hipocrisia na literatura, sempre é um amigo que a escreve. Então em vez de pedir a um amigo para escrever, aliás, eu até pedi, mas alguns recusaram – acho que não são muito amigos,  eu pedi para o personagem,  o personagem escreveu e me elogiou. E eu sou muito grato ao personagem por ele ter feito a orelha para mim”. O verso do cartão de embarque não é uma obra para se levar na lembrança por toda a vida, mas é um bom passatempo.

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