quarta-feira, 2 de novembro de 2016

A grande fome – John Fante

Em 1994, o biógrafo de John Fante, Stephen Cooper, encontrou entre pilhas de materiais entregues a ele pela viúva do escritor uma série de textos inéditos. O resultado foi a publicação, no ano seguinte, de A grande fome, que reúne 18 desses textos reunidos postumamente, que foram escritos entre 1932 e 1959, entre contos e fragmentos de romances. Alguns deles chegaram a ser publicados em revistas da época como a "Scribner's Esquire" e a "Collier's", mas a maioria era desconhecida até então. O alter ego de Fante, Arturo Bandini, está presente em alguns desses contos. Em outros textos, Fante expõe as dificuldades financeiras enfrentadas pelos imigrantes italianos (entre eles Bandini e sua família) na primeira metade do século XX.
Em Quaquaraquaquá, Dibber Lannon, escrito em fins de 1936 e início de 1937, Fante faz referência ao Papa Pio XI e descreve peças religiosas encenadas nas escolas da sua infância. Em A mãe de Jackie, escrito em 1933, a morte de Petey lembra a forma como o primo favorito de Fante, Mario Campiglia, morreu. Fato também mencionado em outro conto do autor e em Rumo a Los Angeles. As suaves vozes silentes é o mais antigos dos contos, de 1932. Já Bote na conta, de 1937, foi publicado uma revista na época e é um esboço do quarto capítulo de espere a primavera, Bandini. O criminoso e Uma mulher do mal, embora sem datas, acredita-se que tenham sido escritos em fins da década de 40.
O narrador de Um sujeito monstruosamente esperto lembra muito Arturo Bandini por ser um jovem escritor obcecado por si mesmo e pela sua própria obra ainda não publicada e que adora disparar referências literárias. Em ...E a chuva levou, de 1934, Fante expõe a sua principal característica: misturar ficção e realidade. Com relação à Prólogo para ”Pergunte ao pó”, escrito em 1939, esse texto chegou a ser publicada em 1990, mas faltando a última página, recuperada na pilha de manuscritos entregues pela viúva ao biógrafo de Fante. Em Viagem de ônibus, o protagonista Julio Sal é também personagem do conto Helen, sua beleza é pra mim, do livro O vinho da juventude, sobre o qual falaremos no domingo.             

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