domingo, 14 de fevereiro de 2016

Paulo Francis – Daniel Piza

Concorde ou não com ele, Paulo Francis era o tipo de jornalista que mexia com quem lia seus textos. A direita o acusa de esquerdista e comunista, a esquerda o acusava de reacionário. O fato é que Francis não tinha “papas na língua”. E essa língua solta o colocou em situações vexatórias, se indispondo com muita gente, a ponto de sofrer agressões físicas. No caso, do ator Paulo Autran e do então marido da atriz Tônia Carreiro, Adolfo Celi, a quem acusou de se prostituir e vender fotos suas pelada. Tudo isso é contado no livro Paulo Francis, do jornalista Daniel Piza, publicado em 2004, na série Perfis do Rio.
Nascido Franz Paul Trannin da Matta Heiborn, no Rio de Janeiro, em 1930, neto de alemães, estudou em escolas católicas até entrar para a Faculdade Nacional de Filosofia, nos anos 50. Nesse período fez parte do Centro Popular de Cultura da UNE e foi ator amador. Abandonou o curso no Brasil para fazer pós-graduação em literatura dramática na Universidade de Columbia, que também não concluiu. Começou no jornalismo como crítico de teatro no Diário Carioca, entre 1957 e 1963. A partir desse ano, foi convidado por Samuel Wainer para assumir a coluna política no Última Hora. Foi contra o Golpe Militar de 1964 e durante a Ditadura Militar trabalhou no Pasquim.
Nos fim dos anos 70, Francis enveredou pela literatura. Nos próximos textos desse blog, vamos falar sobre alguns livros de ficção e não ficção escritos pelo jornalista nos vinte anos seguintes. Em 1977, publicou Cabeça de papel, que teria sua continuidade com Cabeça de negro, dois anos mais tarde. Em 1982 é publicado Filhas do segundo sexo, com duas novelas que tematiza a emancipação da mulher de classe média na época. Em 1994, Francis publica Trinta anos essa noite, livro de memórias sobre a Ditadura Militar. Postumamente, foi publicado em 2008 o livro Carne viva, que seria o terceiro volume da trilogia que Francis pretendia escrever, junto com Cabeça de papel e Cabeça de negro.
Paulo Francis morreu em 1997, vítima de ataque cardíaco. Muito acreditam que foi consequência do estresse a que vinha sendo submetido nos últimos meses, quando foi processado por acusar, sem provas, os diretores da Petrobrás de possuírem US$ 50 milhões em contas na Suíça. Diante da condenação quase certa a pagar uma indenização milionária, o coração de Francis não suportou.     

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