quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Filhas do segundo sexo – Paulo Francis

Na sua terceira incursão no campo da ficção, Paulo Francis consegue dá um salto positivo com relação á qualidade narrativa. A verborragia é deixada de lado e o autor consegue expor suas ideias sem cansar o leitor. Filhas do segundo sexo, publicado em 1982, seu quinto livro, terceiro de ficção, é composto por duas novelas, Mimi vai à guerra e Clara, Clarimunda, com fio condutor comum: a emancipação da mulher de classe média em meados dos anos 70.
O que mamãe explicava que Mimi entregaria a Gil na noite do casamento, Mimi entregara anos atrás e nem lembrava a quem...
A primeira novela, Mimi vai à guerra, começa com a personagem do título fazendo um “boquete” em Pedro, um coroa casado e endinheirado com quem tem um romance clandestino. Claro que Pedro não é o único, mas Mimi o considera o “titular”. Alternando malícia e ingenuidade, Mimi tenta convencer a esposa do amante, uma matrona arrogante, a conceder-lhe o divórcio para que ambos possam viver esse “grande amor”. As consequências são desastrosas.
Clara ficou de pé. Não tinha remorsos, tinha carências...
A segunda novela, Clara, Clarimunda, a personagem-título abandona a carreira para cuidar doas filhas e acompanhar o marido, também cientista social, no mestrado e no doutorado. Apesar do companheirismo entre ambos, os anos de casamento destroem o romantismo, o que desagrada Clara, que buscará novos horizontes em termos afetivos. Em ambas as novelas, Francis consegue o que não conseguiu nos seus dois primeiros romances: prender o leitor com uma narrativa fácil e trazer à luz suas ideias sobre emancipação feminina.
"A ilusão do livre arbítrio é a mais poderosa e intoxicante"

Nenhum comentário:

Postar um comentário