quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Bendito maldito – Uma biografia de Plínio Marcos – Oswaldo Mendes

O fato de Oswaldo Mendes ter sido amigo de Plínio Marcos poderia colocar em dúvida a qualidade de Bendito maldito – Uma biografia de Plínio Marcos, publicada em 2009, dez anos após a morte do dramaturgo. Não é o caso. Mendes fez uso do rigor jornalístico e recorreu a todas as fontes possíveis para chegar o mais próximo possível de uma versão definitiva para as muitas polêmicas em que o seu biografado se envolveu. E não foram poucas. Plínio era um prodígio em gerar histórias sobre si mesmo e em se envolver em “encrencas”.
E encrencas foi o que não faltou em sua vida. Autor de peças que causaram polêmicas, como Navalha na carne, Dois perdidos numa noite suja, Barrela, entre outras, Plínio foi inúmeras vezes censurado, o que fez com que tivesse sérios problemas financeiros. A força dos seus textos surpreendia até mesmo seus pares do teatro, como Augusto Boal, que impôs condições leoninas para a estreia de Dois perdidos numa noite suja, no teatro Arena, em 1966, por medo da reação da censura.
Em paralelo à vida de Plínio, é fascinante termos contato com histórias deliciosas de personalidades do teatro brasileiro, como Pagu, Procópio Ferreira, Tônia Carrero e Cacilda Becker. Tônia Carrero, considerada a mulher mais linda do Brasil nos anos 50 e 60 e com uma aura de pureza diante do público, causou escândalo ao aceitar interpretar Neuza Sueli, a prostituta de Navalha na carne, com palavrões em suas falas e uma postura nada digna para uma mulher “de família”, como Tônia era vista por parte do público. Os mais puritanos atestaram que seria o fim da sua carreira. A História se encarregou de desmenti-los.     

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