quinta-feira, 2 de junho de 2011

O dia da prostituta

Hoje é o dia da prostituta. Foi nessa data em 1975 que um grupo de prostitutas se refugiou numa igreja em Lyon, na França, para protestar contra multas e detenções que o governo promovia para combater o rufianismo. A ocupação da igreja durou até o dia 10 de junho, quando a polícia expulsou as manifestantes de forma violenta. Mas a data passou a ser um marco. No Brasil, o governo Lula oficializou a profissão em 2006, mas sabemos que a situação da prostituta brasileira não é das melhores, como também não deve ser em muitos outros países. Isso se deve mais a uma visão conservadora que a sociedade tem do sexo que, ainda de acordo com essa visão, somente deve ser feito “com amor” ou “para procriar”, o que é de uma hipocrisia cavalar.

Garota de programa, profissional do sexo, puta, quenga, rapariga, meretriz, messalina, mulher de vida fácil (fácil?). Não interessa a designação, a profissão é a mesma. Dizem que é a mais antiga. O que discordo. A profissão dos seus clientes era mais antiga. Se assim não fosse não teriam como pagar os serviços das cortesãs. Mas é fato verdadeiro que exerceram muita influência sobre imperadores na antiguidade. Mandavam mais do que ministros. Afinal, um pedido recebido entre belas pernas era impossível de não ser atendido. Em muitas outras ocasiões, seus serviços eram vistos com bons olhos pelas famílias como forma de os varões desafogarem seus desejos mais sórdidos, deixando para as santas esposas somente o amor puro e limpo visando a procriação.

No decorrer da história a prostituta usufruiu ora de um status privilegiado; ora de uma situação paradoxal, onde se considerava a “função social” das suas atividades, mas permaneciam marginalizadas; ora de completa marginalização. O que explica essa situação? Aos que afirmam que a prostituição é “indigna” pelo fato da prostituta “vender” o corpo, poderíamos argumentar que o trabalhador das outras profissões fazem o mesmo, vendendo o corpo em troca de um salário. O que, grosso modo, poderia ser uma forma de prostituição. A diferença é que a prostituta vende uma parte específica do corpo. Aí é que está o problema. Tudo seria simples se não fosse a moral judaico-cristã, predominante na nossa sociedade, segundo a qual o sexo não pode ser feito para a simples obtenção do prazer. Muito menos vendido. A luta das profissionais do sexo ainda é longa para derrubar a visão estereotipada que se tem da sua profissão. Putas de todo o mundo, uni-vos!

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