segunda-feira, 27 de junho de 2011

O que mata é o "se"

A revista VEJA dessa semana, nas Páginas Amarelas, trás uma entrevista com o cirurgião cardíaco Leonardo Esteves Lima, que ajudou no atendimento à princesa Diana, quando do acidente que a vitimou em agosto de 2007. Segundo ele, a possibilidade de sobrevivência da princesa seria maior de dois erros tivessem sido evitados. O primeiro deles foi o tempo que a ambulância levou pra chegar até o hospital (levou vinte e seis minutos num trajeto que seria feito em dez); o segundo foi se a cirurgia de emergência realizada logo após a ambulância chegar ao hospital tivesse feita por um especialista em cirurgia torácica (foi feita por um clínico-geral). Leonardo enfatiza que esses dois erros possam ter sido cometidos pelo fato dos médicos terem tratado a paciente como uma celebridade que ela de fato era e não como uma paciente comum.

A morte, qualquer morte, não acontece por acaso. Mas também não é destino! Ela é fruto do erro. O que mata é o “se”. Se não fosse feito assim, fosse feito assado, ninguém morreria. Recentemente assisti o documentário “Sena”, sobre a trajetória e morte do piloto Airton sena. Nele, o comentarista Reginaldo Leme diz que a morte do piloto foi uma fatalidade, visto que ele não sofreu nenhum trauma no resto no corpo, apenas a lesão na cabeça provocada pelo braço da suspensão do carro. E se a barra de direção não tivesse quebrado em virtude de um defeito de fabricação ou erro humano na sua instalação? E se Sena tivesse resolvido não participar da corrida como tinha comentado no dia anterior? Não existem fatalidades, existem erros ou decisões tomadas erradas.

No caso da princesa Diana, outros erros foram cometidos. E se a princesa tivesse de cinto de segurança? E se o carro não estivesse em alta velocidade? E se o casal não tivesse a intenção de fugir dos paparazzi e se deixasse fotografar? A morte nos espreita esperando nossos erros. É equivocada a imagem da morte como uma senhora horrenda e decrépita. A morte é uma jovem enganadoramente bela, de pele branca e macia que nos induz ao erro durante toda a nossa vida, até que um determinado erro é demasiado grande para ser ignorado e somos levados em braços sedutoramente (e, mais uma vez, enganadoramente) aconchegantes. É como a lenda da Sereia que nos leva ao afogamento com o seu belo canto. É como a lenda dos Vampiros que nos leva a uma morte em vida com beijos irresistíveis. Se erros não forem cometidos, a morte não virá. Aí você pode perguntar: e quem morre de velhice? Onde está o erro? O erro está no tempo que não para!

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