quarta-feira, 22 de junho de 2011

Lobão - 50 anos a mil

Acabei de ler a autobiografia de Lobão, 50 anos a mil, escrita pelo jornalista Cláudio Tognolli, que intercalou a narrativa do biografado com a compilação das notícias publicadas nos últimos trinta anos, como também transcreveu trechos de inúmeros processos que Lobão respondeu nos anos 80. É uma narrativa franca, escancarada e, acima de tudo, bem escrita. Trás à público os entreveros de Lobão com Herbert Viana e Caetano Veloso, entre outros (com quem Lobão não se desentedia?) Mas mostra também como se dava o processo criativo de uns artistas mais fecundos dos anos 80.

Tive acesso às músicas de Lobão quando era adolescente, lá pelos 15-16 anos. As suas sucessivas prisões por envolvimento com drogas, as suas músicas agressivas com letras contundentes e seu visual rebelde, tornaram-no ídolo de uma geração (na qual me incluo) e o herói da garotada (entre os quais também me incluo). O sorriso debochado diante das câmeras e o humor ácido das suas declarações faziam de Lobão não apenas o herói, mas o anti-herói. Mais do que contar a trajetória turbulenta de um artista rebelde, o livro traça o painel de uma das gerações mais criativas da música pop brasileira, construída e consagrada entre o final dos anos 70 e meados dos anos 80.

O livro mostra também que o ostracismo em que caiu o artista a partir do princípio dos anos 90 não se deveu apenas pelo boicote da sua obra por parte das gravadoras. Quando Lobão resolveu empregar um caráter mais existencialista/intimista nas letras das suas músicas, a recepção não foi a mesma que a de músicas como “Vida Bandida”, “Decadènce avec Elegànce”, “Me chama”, nos anos 80. Mesmo fazendo as pazes com as gravadoras e lançando um Acústico MTV, o artista não conseguiu recuperar o tempo perdido em seus devaneios existencialistas. Mesmo assim lobão não deixa de ter méritos. É um artista talentoso e vale à pena ler a sua trajetória.

Um comentário:

  1. Tô curioso pra ler essa bio grafia, desde q ouvi seu lançamento pela rádio Jovem Pan pelo próprio Lobão, no programa Pânico. Infelizmente, o cara é um excremento social: debochado, sarcástico, repugnante e, por isso, sua história é curiosa.

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