sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Todo ano é a mesma coisa e nada muda


Aproxima-se a noite de 31 de dezembro e começam os mesmos rituais: vestir roupa branca, usar cueca ou calcinha amarela, comer lentilhas, pular ondas, fazer oferendas a Iemanjá, fazer tintim com taças de champanhe, entre outras superstições (ou mandinga, ou pantim, como queiram).
- Tintim ao ano que se inicia! – fala um.
- Que seu ano seja repleto de felicidades. – desejo outro num abraço fraterno no próximo.
- Esse ano serei uma pessoa melhor. – choraminga um terceiro para ouvintes próximos.
- Que Deus ilumine nossos caminhos nesse ano que se inicia. – suspira um mais devoto, encharcado de cerveja.
- Um brinde à nossa felicidade – esbraveja um mais exaltado pelo álcool. 
Mas não se enganem nada vai mudar em 2013! As pessoas continuarão matando no trânsito (e fora dele); a falta de educação continuará a ser a tônica no dia a dia; a Lei de Gerson continuará a nortear a ação de todos; políticos continuarão a tratar o que é público como se fosse privado (e os eleitores, na sua eterna complacência e cumplicidade, continuarão a elegê-los); as relações continuarão acontecendo e acabando (pelo descumprimento do que foi prometido no réveillon); a educação continuará não alfabetizando ninguém; os livros continuarão onde sempre estiveram: longe do leitor; todos continuarão falando mal de todos (inclusive daquele em quem deu aquele abraço fraterno).
O ritual de passagem de um ano para outro nada mais é do que isso: o ritual. Como todo ritual, só tem importância no momento em que acontece. Passado toda aquela liturgia, torna-se apenas lembrança. O que estaremos vestindo, o que vamos comer ou o que vamos dizer aos outros naquela data não tem importância se nos outros 365 dias do ano vindouro não mudarmos a nossa postura diante do que queremos que mude. Passe o réveillon vestindo preto, vermelho ou azul; coloque uma cueca ou calcinha de qualquer cor ou simplesmente não coloque nenhuma; coma um X-tudo com uma Coca-Cola; silencie no isolamento do seu lar e não abrace ninguém; não brinde a nada. Mas mude!    
2013: mais do mesmo!

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