quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Cartas anônimas – Fernando Vita


O segundo livro do jornalista baiano Fernando Vita (o primeiro foi Tirem a doidinha da sala que vai começar a novela), Cartas anônimas: uma hilariante história de intrigas, paixão e morte, é de difícil leitura. Não pelo palavreado rebuscado, que não existe. Mas pelas gargalhadas que o leitor não consegue controlar no decorrer do livro. O subtítulo fala por si. O romance epistolar se passa na inexpressiva e fictícia Todavia, cujo labirinto missivista nasce da visão solitária do observador-narrador, que se vale das cartas anônimas que a população usa para espalhar maledicências sobre desafetos e dos seus escritos para expor o passado e o presente da cidade.
Salientado que as cartas anônimas em Todavia não serviam apenas para desancar os desafetos, mas também para conquistar namoradas e espalhar boatos. Tudo começa com uma carta romântica (anônima, naturalmente) endereçada à bela e desejada viúva Boneca, assinada por “O Sedutor”, que plagia um poema de Olavo Bilac para impressionar a amada. A partir daí surge um labirinto de cartas anônimas cujas histórias se entrelaçam. A vida em Todavia passa a girar em torno das futricas e da obsessão em descobrir quem é “O Sedutor”.
Não é possível encontrar heróis (nem bandidos) em Todavia. Todo mundo tem algo a esconder (e a declarar da vida dos outros). Os personagens e seus pecados se sucedem: o Grão-Mestre da maçonaria Clinésio (que adora “fofar o ofiminguim” da sua esposa, D. Amélia), o juiz Efraim (que vive bêbado e é traído pela esposa), Teófilo (cuja profissão é ser marido da professora). Um livro rico em humor, com uma linguagem de mesa de bar, mas sem agredir a sensibilidade de algum leitor em virtude da habilidade do autor em contar as histórias de forma hilária. É para rir da primeira à última página.   

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