quinta-feira, 15 de março de 2012

Um sonho americano – Norman Mailer

Nascido em 1923 em uma família judia, o romancista, ensaísta e dramaturgo Norman Mailer escreveu 39 livros. Polêmico, controvertido e odiado pelas feministas, foi um inestimável provocador. Sempre olhando seus contemporâneos com amargura, foi um dos grandes renovadores da literatura americana do século XX, ao lado de Truman Capote e Tom Wolf. Nunca escreveu sua autobiografia, pois, segundo ele, ao fazer isso “você destrói todos os seus cristais”. Morreu em 2007, acometido de problemas pulmonares.

Mailer escreveu Um sonho americano em 1965 e chocou os puritanos da época. Por quê? Segundo Paulo Francis, autor do prefácio, o autor escreve como ninguém sobre a obsessão americana por sexo e violência. Mailer não perdoa a sujeira e os pecados sórdidos da classe alta, camuflados sob a plácida superfície familiar. Tudo começa quando o personagem-narrador Stephen Rojack assassina a sua esposa e tenta simular um suicídio. Esse ato transforma a vida de Rojack, que, de representante do “sonho americano”, é lançado num mundo de gangsteres, prostituição e policiais corruptos.

O intrigante é que a ato impensado de Rojack deixa um rastro de pistas que qualquer policial amador seria capaz de metê-lo na cadeia. No entanto, toda a primeira metade do livro é marcada pela tensão da prisão iminente. E aí reside um dos mistérios da história. O ponto negativo do livro é que o autor comete o mesmo pecado que eu já vi em autores americanos como Bukowski: comparações sem sentido como “…tinha no rosto a expressão de um soldado que achou um pêssego em um árvore no outono e parou para comê-lo” ou “Eu tinha o olhar objetivo de um promotor público que abriu mão de uma carreira em cirurgia”. Não sei se é uma marca registrada da literatura americana. Mas é um livro que se deve ler.

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