segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Cinema nacional: Os dias com ele

Carlos Henrique Escobar é professor aposentado, filósofo autodidata e provocador, dramaturgo e um auto exilado em Portugal. Diante de um currículo tão extenso, faltou-lhe algo: ser pai. E é exatamente isso o que procura sua filha, Ana Clara Escobar, diretora de Os dias com ele (2013), documentário que com o qual ela ao tenta resgatar a figura paterna. Não foi uma tarefa fácil, se é que ela conseguiu.
Ao mesmo tempo em que ela queria resgatar a memória da ditadura do seu pai, relacionando-a com a memória ausente da relação de ambos, ele assumia uma personagem formal, fria, distante (tudo o que ela queria romper para alcançar seu pai).  Um não queria fazer o filme que o outro desejava. E como o espectador fica sabendo disso? Cenas que num documentário tradicional seriam retiradas na edição, foram mantidas, mostrando os preparativos das entrevistas que Ana Clara fez com o pai.
Outra situação inusitada é que Ana Clara Escobar passa a ser, além de diretora, personagem do filme. Ela é a filha que teve uma relação mínima com o pai intelectual e que busca encontrar os motivos desse semiabandono. Uma boa oportunidade para conhecer um intelectual intrigante e provocador que preferiu o anonimato. Uma boa oportunidade também para saber que os grandes pensadores também enfrentam dramas e dilemas comuns a qualquer ser vivente.

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