segunda-feira, 12 de novembro de 2012

O vagabundo


Deitou-se
Não sabia que havia estrelas sobre a sua cabeça
Pensava que os pontinhos altos fossem anjos fumando
Anjos não fumam
Mas ele não sabia de religião
Era tosco
Como um tosco velho
Tão rude
Que nem sabia o que eram estrelas
Nem o que eram brilhos
Nem o que eram céus
Nem o que eram deuses
Nem o que eram escrituras
Nem o que eram destinos
Nem o que eram luzes
Nem o que eram noites apagadas
Nem o que eram não terem sentido
Nem o que eram palavras soltas
Nem o que eram soltas estrelas brilhando
Era tosco
Tão tosco como um rude tosco velho
Virou-se no primeiro sonho
Apanhou uma pedra para travesseiro
Nem sonhou com anjos
Era tosco
Nem sonhou com paraíso
Era rude
Só sonhou com mulheres peladas despudoradas
Só sonhou com mulheres de tetas rosadas
Só sonhou com mulheres de peitos duros e saborosos
Só sonhou com mulheres de ancas com marquinhas de biquíni
Só sonhou com mulheres com veludosas línguas taradas
Só sonhou com mulheres com bocas carnudas safadas

E quando o sol chegou de manhãzinha
Ele nem sabia que era uma estrela
Que estrela o quê
Pensou que fossem as mãos cálidas das putas de seu cabaré.

Elio Cunha – Professor, poeta e estudante de direito. 

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