sexta-feira, 30 de novembro de 2012

A cura evangélica


Conviver com um sujeito chato não é algo agradável, se esse chato for evangélico a coisa assume contornos desesperadores. Me causa calafrios quando vejo uma “entidade” com um terno um número maior que ele (“o defunto era maior”, como dizia minha mãe), com uma Bíblia de zíper e com bordas douradas vindo em minha direção. Mudo de calçada! Se a chatice não bastasse ainda tem a arrogância daqueles que tem um lugar reservado ao lado do supremo. O resto são almas a serem salvas! Os mais fervorosos carregam na ponta da língua o indefectível “tá amarrado!” para esconjurar qualquer coisa que seja considerado “do mundo” e não fala parte dos seus sagrados preceitos. Quem devia está amarrado era ele! De preferencia com a boca fechada.
Essa chatice “cristã” é representada no Congresso Nacional por um grupo de “eleitos” que se denominam bancada cristã. Entre essas sumidades está o deputado federal João Campos (PSDB-GO), autor do PDC 234/2011, que quer revogar uma resolução do Conselho Federal de Psicologia que veta os profissionais da área de fazer “curas gays”. A resolução do CFP baseia-se numa decisão da Organização Mundial de Saúde que retirou, há 22 anos, a homossexualidade do rol de doenças. A lógica é que se não há doença não há cura. Portanto, adotar qualquer terapia visando a cura da homossexualidade só tem um nome: charlatanismo. Sabemos que essa prática não representa nenhuma novidade entre alguns pastores...
O grande problema é que esses supostos guardiões dos tão valorosos preceitos cristãos ficam se preocupando com o rabo alheio (perdoem-me o trocadilho) e não olham para os próprios rabos (olha o trocadilho aí de novo!). Segundo o blog Frente Parlamentar Evangélica, a bancada dos espadachins da vida alheia soma 56 deputados, destes, 32 (55%) têm pendência na justiça, de acordo com a organização não governamental Transparência Brasil. Respondem a todo tipo crime: formação de quadrilha, estelionato, peculato, apropriação indébita, crimes patrimoniais, envolvimento com máfias de caça-níqueis. Jesus descei da cruz!!
Se eu fosse parlamentar apresentaria um projeto de lei para instituir no sistema de educação do país a “cura evangélica”. De modo geral seria muito simples: aos líderes, como lhes sobra inteligência, seria ministrada doses de honestidade e vergonha na cara; aos liderados, como já têm honestidade e vergonha na cara, seriam ministradas doses cavalares de inteligência e muita leitura (nada de decorar mecanicamente passagens bíblicas!); e aos dois grupos seria ministradas pequenas doses, de hora em hora, de tolerância. Dessa forma, teríamos um mundo muito melhor... 

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