quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Guerra e paz – Liev Tolstói


A decisão de ler Guerra e paz, de Tolstoi, deve ser pensada. Não que seja uma leitura difícil, mas atravessar as cerca de 2.500 páginas demanda tempo. Necessariamente o leitor terá que abrir mão de algum outro lazer para se dedicar à leitura. Mas posso garantir que vale a pena. No final de 2011, a editora Cosac/Naify lançou uma nova edição da obra com tradução diretamente do russo, feita pelo escritor Rubens Figueiredo, tarefa que lhe tomou três anos.  As edições anteriores, uma do crítico brasileiro Oscar Mendes (do francês) e do escritor português João Gaspar Simões (uma miscelânea de diferentes traduções) não são fiéis ao original, anulando opções de estilo que são peculiares a Tolstói, segundo os críticos.
E essa não é a única novidade dessa edição. A sofisticação da encadernação impressiona: a capa é em tecido, o papel utilizado foi do tipo Bíblia, que torna os calhamaços mais leves, com ilustração de soldados russos em serigrafia, do artista russo Serguei Adamovitch, feita em processo manual de impressão (ilustrações feitas originalmente para um livro de conto do escritor russo encontrado num sebo de São Petersburgo durante uma viagem de férias da responsável pela arte da editora, em 2005). Foram incluídos também dois mapas para que o leitor se situe nos cenários das batalhas e uma lista de nomes de personalidades e fatos históricos que são citados no livro ou mesmo usados como personagens.
 Nascido em 1828 em uma família da aristocracia russa, Tolstói era obcecado pela história russa, pelas relações humanas e pela literatura. Conseguiu unir essas três obsessões em Guerra e paz, onde permeia as histórias dos seus personagens com momentos filosóficos sobre temas como o amor, o tempo e a morte. O livro conta a história de duas importantes batalhas da história russa, ambas contra a então poderosa França de Napoleão, e aproveita esses fatos históricos pata debater sobre a identidade de um país, as imposições das nações mais ricas e o papel das elites na resolução dos problemas sociais. Essa era uma característica de Tolstói: não escrevia sem o propósito de expressar uma inquietação. 

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