quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Certos homens – Ivan Ângelo


Dizem que a crônica é a prima pobre entre os estilos literários. Apesar disso, a Arquipélago editorial lançou a série Arte da crônica, da qual Certos homens, do romancista e cronista mineiro Ivan Ângelo, é o terceiro volume (já foram publicados Nós passaremos em branco, de Luís Henrique Pellanda, e Esse inferno vai acabar, de Humberto Werneck). Apesar da “má fama” de prima pobre, a crônica, na maioria das vezes, sobrevive ao jornal que a publica, que é descartado no dia seguinte. Mas o que cabe numa crônica? Tudo, ou quase tudo, cabe numa crônica: fatos corriqueiros, grandes acontecimentos, uma experiência vivida, uma reflexão.
É o que acontece com o livro de Ivan Ângelo. A própria orelha do livro diz: “Quase tudo o que cabe numa crônica está nesse livro”. São cinquenta crônicas que foram publicadas na revista Veja São Paulo, com exceção de duas: Conversinha sobre o pum, inédita, e Um toque sem classe, publicada no jornal O Tempo, em fevereiro de 1997. Algumas crônicas tiveram seus títulos modificados pelo editor, seja por que a versão na revista exigia títulos mais curtos ou por que assim quis o editor.
O livro inicia com uma certa dose de nostalgia do autor ao falar de casos amorosos e dos conflitos deles oriundos, destaque para Foi engano, onde um fato corriqueiro (uma ligação feita para um número errado) pode interferir nos destinos de duas pessoas. A literatura também é tema de uma das crônicas, Já ouvi isso antes, onde um autor fala de um determinado pensamento que julgamos ser original ou de um certo autor, mas que foi repetida e recriada décadas a fio. Ivan Ângelo utiliza o diálogo para explicar alguns fatos, como a maravilhosa Conversinha sobre o pum. Um livro nostálgico, onde o autor não se furta em analisar o presente. Vale a pena ler...

Nenhum comentário:

Postar um comentário