quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O sagrado e o profano

Tenho uma filha pré adolescente às vésperas de completar 12 anos. Ela é fã do Restart. Para quem não conhece, o Restart é aquela banda pop formada por adolescentes com vestimentas policromáticas. Ela estava feliz da vida por que eles virão tocar em Porto Velho. Mas aí surge um dilema na curta vida de uma fã teen: no mesmo dia e horário do show dos seus ídolos, sua escola também fará a Festa da Família (a escola é evangélica). O que escolher? Para onde ir? Para a sagrada Festa da Família ou para o profano show dos ídolos coloridos? Que dilema terrível (de verdade, sem ironia)! Tentei, com todas as minhas forças, me conter para não opinar. Mas não me contive. Fico com o Restart!

Acho salutar essa histeria das adolescentes diante dos seus ídolos. Toda geração tem o seu ídolo. Quando tinha a idade delas, lembro-me do surgimento de um quinteto rebolativo porto-riquenho chamado Menudo. Era uma histeria só. Eu odiava o Menudo! Eu odiava o Menudo por que eles cantavam e eu não. Eu odiava o Menudo por que eles dançavam e eu não. Eu odiava o Menudo por que eles eram bonitos e eu não (hoje até que fiquei melhorzinho). Eu odiava o Menudo por que as meninas eram loucas por eles e não eram por mim! Hoje os meninos também odeiam o Restart. Tenho a ligeira desconfiança que seja pelos mesmos motivos. É a minha vingança!

Mas opto pelo Restart por que sei que sou obrigado a ir para a Festa da Família (para o show do Restart sempre posso achar uma mãe de alguma coleguinha que se proponha a levá-las). Afinal é de fundamental importância para o desenvolvimento psicológico, emocional, afetivo, entre outros, que a “família” prestigie as apresentações dos seus pimpolhos. Eu não sei se faz bem para a minha filha. Mas pra mim eu sei: não faz! Primeiro: terei que enfrentar uma igreja lotada de pais ávidos para ver seus filhos apresentarem alguma coisa. Segundo: terei que suportar o sermão de um pastor com o qual não concordo com nenhuma vírgula. Terceiro: terei que ficar ouvindo louvores “edificantes” que em nada acrescentarão à minha vida. E quarto: terei que assistir aquelas crianças que foram adestradas durante meses (inclusive a minha filha) apresentarem coreografias de darem inveja a macaquinhos de circo. Fico com o Restart!

Um comentário: