quarta-feira, 5 de abril de 2017

Sem plumas – Woody Allen

“Fico me perguntando se haverá vida depois da morte e, se houver, se eles me permitirão chegar ao fim dos meus dias”.
Woody Allen é praticamente uma unanimidade como cineasta, mas não creio que seja como escritor. Pelo menos é essa conclusão a que se chega lendo alguns dos seus livros. Sem plumas, publicado originalmente em 1975, na edição brasileira da editora L&PM há uma curiosidade. Ali é dito fala que a obra é composta de 18 textos. Na realidade são dezessete. Outra curiosidade é que o livro teria frequentado as listas dos mais vendidos em todo o mundo. É difícil de saber a razão para isso. O livro não é bom. Tem textos bons, mas tais textos não seriam suficientes para torna-lo um best-seller
“E depois da morte, ainda será necessário tomar banho?”
Em Excertos de um diário, a sensação que fica é que se você nunca ler o texto não terá perdido nada. A sensação insiste em permanecer no segundo texto, Examinando fenômenos psíquicos. No terceiro, Alguns balés sem importância, fiquei seriamente tentado a abandonar a leitura, pois esse texto faz jus ao título. No quarto, Os pergaminhos, a esperança ressurge. É um texto que traz sutis críticas (irônicas) às religiões. Em As mulheres de Lovborg, a sensação é que Allen não escreve, apenas coloca as palavras umas depois das outras, aleatoriamente. Finalmente o leitor se depara com um texto digno de um gênio que dizem que Allen é, Puta com PhD, uma sátira com os romances noir, onde as prostitutas não vendem sexo, mas seu conhecimento literário.
“Morrer é uma das coisas que mais detesto fazer”. 

O texto seguinte também é bom, Morte, sobre um sujeito pacato (eufemismo para medroso) chamado Kleinman, é acordado de madrugada pelos homens da pequena cidade onde morava para caçar um serial killer que estava atacando na região. Depois desse texto, o que se vê é uma aridez criativa (ou seria excesso de criatividade? O problema estaria nesse pobre leitor ignorante?), escapando apenas mais um texto, Deus, sobre uma peça que se passa na Grécia Antiga que o autor não consegue escrever o final. Os outros nove textos são um amontoado de piadas sem graça, aquelas piadas tipicamente americanas em que somente os americanos riem. Se elas realmente são engraçadas, o resto da humanidade é parvo. 

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