quarta-feira, 19 de abril de 2017

Adultérios – Wood Allen

“Coerência é o fantasma das mentes pequenas”.
Dos livros que li de Woody Allen e sobre os quais falei aqui no blog nas semanas anteriores, Adultérios, publicado em 2003, é o melhor. Podemos dizer que aqui ele acerta a mão. Por coincidência, é um livro em que Allen não tenta fazer aquelas piadas tipicamente americanas que só americanos nascidos e criados em Nova York, mais especificamente em Manhattan, entendem. Nesse livro, Woody Allen consegue fazer jus à sua fama de gênio criativo, com personagens imprevisíveis e enredo cheio de reviravoltas.  São três histórias só com diálogos, num formato parecido com peça de teatro, todas passadas em Nova York com personagens tipicamente nova-iorquinos e que têm como temática a infidelidade.
“Por que qualquer marido fica entediado em relação à própria mulher? Porque com o tempo eles ficam se conhecendo demais”.
Na primeira delas, Bloqueio criativo – Riverside Drive, encontramos o escritor e roteirista Jim Swain num parque à espera de alguém. Antes que a pessoa esperada chegue, Fred, um mendigo, aborda e escritor com uma conversa desconexa. O problema é que Fred, na sua loucura, conhece a fundo a vida de Jim, inclusive seus detalhes mais íntimos, o que assusta o escritor. Para complicar, Fred acusa Jim de ter roubado a sua ideia em um dos roteiros de sucesso do escritor. Fred expõe os fatos de forma confusa, afirmando que recebe informações de uma antena instalada num dos prédios da cidade. Jim não sabe se está diante de um gênio ou de um louco.     
“Um pau duro não tem consciência”.
Na segunda história (e a melhor), Bloqueio criativo – Old Saybrook, Sheila e Norman estão fazendo um churrasco em casa para Jenny (irmã de Sheila) e David. Tudo corria bem, até que Hal e Sandy, antigos moradores da casa, chegam e revelam a existência de um cofre secreto na casa que guarda segredos de um dos personagens. Mas essa não é a única confusão na história. Max Krolian, primeiro morador da casa, aparece descendo as escadas, amordaçado e gritando, e faz revelações surpreendentes. O que torna essa história a melhor das três é o fato das reviravoltas no enredo não ensejarem no final da história, mas abrir a possibilidade de continuidade do enredo.
“As pessoas nunca nos odeiam pelas nossas fraquezas... elas nos odeiam pelos nossos pontos fortes”. 

A terceira história, Central Park West, tem semelhanças com a história anterior, porém com um viés mais dramático. Phylis, uma renomada terapeuta, fala para a amiga Carol que seu marido, Sam, está tendo um caso com outra mulher e saiu de casa. Essa outra mulher, revela Phyllis, era Carol, que não nega o romance. Quando o marido de Carol, Howard, um bobalhão, chega, tudo é revelado. Sam entre em cena e confirma toda a história, mas revela que a mulher por quem se apaixonou não é Carol, mas Juliet, que tem metade da sua idade e é paciente de Phyllis. Uma história com inúmeras reviravoltas e um final inesperado. 

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