domingo, 2 de outubro de 2016

A paixão do socialismo – de vagões e vagabundos & outras histórias – Jack London

"Quando o trem deu partida, aqueles vinte vagabundos arremessaram-se feito um enxame faminto sobre os três vagões blindados”.
Contendo sete textos autobiográficos escritos ao longo da vida, A paixão do socialismo – de vagões e vagabundos & outras histórias – Jack London narra aventuras diferentes daquelas que estamos acostumadas a ver nos textos do autor. Ao invés de mares bravios, tempestades furiosas ou nevascas em acampamentos no Alasca, vemos a fome, a privação e a solidariedade presente na narrativa sempre límpida de London. A partir da leitura desses textos, compreende-se o interesse de Jack Kerouac pela obra de London e como se dá a influência deste não apenas na literatura do autor beat, mas em todo o seu estilo de vida.
"Deixando de lado os possíveis imprevistos, um bom vagabundo, jovem e ágil, pode resistir até o fim num trem, apesar de todos os esforços da tripulação a bordo para ‘despejá-lo’ - tendo é claro, a noite como condição essencial."
O primeiro desses textos, O herege, foi escrito no verão de 1906 com base em suas próprias experiências quando trabalhou, aos dezessete anos, numa tecelagem de juta. Esse conto se transformou numa arma na luta pela abolição do trabalho infantil nos Estados Unidos. O conto De vagões e vagabundos se baseia nas aventuras que London viveu aos dezoito anos quando, na companhia de gangues juvenis, cruzou o país saltando em trens de carga e fugindo da truculência dos guarda-freios. Os dois contos seguintes, Na gaiola e A prisão, conta o período em que ficou preso por vagabundagem, entre assassinos, numa prisão em Nova York, durante essas viagens de trem.
“Fui sempre implacavelmente explorado. Até que escolhi o meu lado!”
Ferrenho crítico da ganância capitalista que impulsionava o desenvolvimento dos Estados Unidos em princípios do século XX, provavelmente um reflexo da infância pobre, London vai expressar a suas ideias nos dois textos seguintes, Como me tornei socialista e A paixão do socialismo. O último texto do livro, Os mascotes de Midas, narra as peripécias criminosas de um London criança nas ruelas escuras da zona portuária de Oakland, cidade onde viveu durante uma parte da sua vida.

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