segunda-feira, 18 de abril de 2016

Canibais – Paixão e morte na Rua do Arvoredo – David Coimbra

“Perfumava-se com abundância, o monstro. Está certo, a população inteira de Porto Alegre, com exceção dos escravos, tinha o hábito de se perfumar, numa artimanha para sufocar a pestilência natural da cidade e mau cheiro dos próprios habitantes, poucos afeitos a tomar banhos”.  
Tenho percebido pelas minhas últimas leituras que o Rio Grande do Sul é um celeiro de grandes escritores. E não estou falando de Érico e Luís Fernando Veríssimo, Moacyr Scliar ou Josué Guimarães, escritores já consagrados. Estou falando de Cláudia Tajes, Letícia Wierzchowski, Cíntia Moscovich, Tabajara Ruas, autores que ainda não caíram nas graças do grande público, mas que têm um talento grandioso.  O mais recente desses talentos dos pampas a que tive contato através da leitura foi David Coimbra.
A primeira vez em que tive contato com a obra do Jornalista, radialista, escritor e cronista do jornal Zero Hora foi em 2014, com Mulheres!, um livro de crônicas e contos, postado nesse blog em abril daquele ano. Confesso que não me empolguei muito. Esse ano, li Canibais – Paixão e morte na Rua do Arvoredo, romance de 2004, e fiquei fascinado. Conduzindo a narrativa com muita habilidade a ponto do leitor ter dificuldades para interromper a leitura, David Coimbra faz uma reconstituição histórica perfeita da época.
Ambientado na Porto Alegre do século XIX, o romance nos conta a história real do açougueiro José Ramos, estabelecido na Rua do Arvoredo, e da sua bela esposa Catarina Palse, uma loira estonteante de origem húngara. Aproveitando-se da sua beleza, Catarina atraia homens para sua casa, seduzia-os, e eram mortos por Ramos. Transformada em linguiça, a carne das vítimas eram apreciadas por toda a sociedade Porto-alegrense. Como virou tabu na época, esse assunto é tratado hoje um pouco como história real e um pouco como lenda urbana. Independente disso é uma obra primorosa.

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