quarta-feira, 16 de março de 2016

Só as mulheres e as baratas sobreviverão – Cláudia Tajes

A maioria das mulheres se identificará com Dulce, a personagem de Só as mulheres e as baratas sobreviverão, pequena novela de Cláudia Tajes, publicada em 2010. Ou melhor, se identificará com a fobia de Dulce: as baratas. Dulce é a personagem clássica da escritora gaúcha: na casa dos trinta, ainda solteira, vivendo de romances esporádicos e com uma visão pessimista/irônica dos homens e da vida. E com um medo avassalador de baratas.
“Até bem pouco tempo, as mulheres queriam ser médicas, professoras, arquitetas. Hoje elas querem posar nuas, é uma verdadeira vocação”.
Num sábado à noite qualquer, Dulce está se arrumando para sair com um sujeito que, quem sabe, venha a ser a sua cara metade pelo resto dos seus dias. Ao tentar alcançar no closet aquele vestido preto que “foi comprado no sistema rotativo, juro em cima de juro, e é uma das razões de eu nunca conseguir quitar a fatura do cartão de crédito”, ela se depara com uma barata bem cima da valiosa vestimenta. Estática, mas assombrosa! É o início do fim de um relacionamento que nem tinha começado com aquele sujeito que, quem sabe, viria a se tornar a sua cara metade pelo resto dos seus dias.
“Como se chama aquele pedaço insensível que fica na base do pênis? Homem”.
Trancada a porta do closet, Dulce, apenas enrolada numa toalha, passa a recorrer a todos que pudesse ajuda-la, da diarista a analista, passando por colegas que há anos não via e pelo pretendente que possivelmente a esperava no restaurante onde tinham combinado de se encontrar. Com uma escrita leve, fluida e muito engraçada, a história voa. É um livro para as horas de tédio, para quando o leitor tiver de ressaca de uma literatura mais densa. Para passar o tempo não há livro melhor.
“Por que os homens sempre dão nome ao seu pau? Porque não gostam que um estranho tome noventa por cento das decisões por eles”.

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