domingo, 6 de março de 2016

Getúlio – Juremir Machado da Silva

Quando o jornalista cearense Lira Neto escreveu a biografia Getúlio, publicada entre 2012 e 2014 em três volumes, o também jornalista, só que gaúcho, Juremir Machado da Silva questionou o “ineditismo” de alguns documentos utilizados na obra. Segundo Juremir, o discurso de formatura de Vargas, como também o processo de um crime cometido por um irmão do ex-presidente já era do conhecimento de estudiosos. Outro processo, em que um índio é assassinado por um homônimo de Vargas, já tinha sido citado por ele mesmo.
Independente das polêmicas entre os dois jornalistas, o Getúlio de Lira Neto, é incomparável melhor do que o Getúlio de Juremir. Tudo bem que a comparação é forçada, já que um é uma biografia e o outro é um romance biográfico ou biografia romanceada, mas se alguém quiser conhecer a vida do ex-presidente Getúlio Vargas a fundo, o livro de Juremir mais confunde do que esclarece.  Publicado em 2004 para marcar os cinquenta anos da morte de Vargas, Getúlio terminou ofuscado pela biografia de Lira neto menos de dez anos depois, muito mais elucidativa.
O fio condutor (quando há) do romance é o diálogo entre dois personagens fictícios: Tércio Ramos, biógrafo do “pai dos pobres”, que durante o governo FHC discute com uma velha senhora estrangeira antigetulista. O diálogo entre os dois carece de verossimilhança, uma troca de ideias entre dois profundos conhecedores do assunto que é tratado como se fosse novidade para ambos.  Mas não apenas de pontos fracos vive o livro: desnudar os personagens históricos com precisão de luneta é um mérito de Juremir. Mas ainda assim eu fico com o Getúlio de Lira neto.   

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