quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Os tambores silenciosos – Josué Guimarães

Sétimo livro do escritor gaúcho, lançado em 1977, Os tambores silenciosos tem algo em comum com outros romances de Josué Guimarães: se passa numa cidade fictícia no interior do Rio Grande do Sul. Dessa vez a cidade é a pacata Lagoa Branca, que faz limites com Cruz Alta, Passo Fundo, Rio Pardo e Taquari. Estamos na semana da pátria de 1936 e o prefeito tem uma preocupação: fazer os habitantes da cidade “felizes”. Entre os preparativos da comemoração do sete de setembro, o prefeito não mede esforços para atingir seu objetivo maior.
O Coronel João Cândido é o típico prefeito de cidade interiorana nos anos 30: é ele quem manda! Com o “nobre” objetivo de fazer seu povo “feliz”, o prefeito proíbe os jornais da capital de circularem, a posse de aparelhos de rádios e censura a correspondência de todos os cidadãos da cidade. O desrespeito a essas normas era punido com prisão. Os mendigos eram expulsos da cidade e, às vezes, jogados no rio. O objetivo do prefeito era evitar que os cidadãos de Lagoa Branca tomasse conhecimento das notícias do mundo: guerras, fuzilamentos e epidemias.
Chama a atenção o rol de personagens elencados por Josué Guimarães: João da Lagoa, o sacristão que vive de promover intrigas; Doutor Lúcio, o político e intelectual bajulador; o pérfido inspetor Paulinho, as irmãs Pilar, solteironas fofoqueiras, que vivem espionando a cidade através de um binóculo. O curioso é que não há heróis, os personagens são políticos medíocres e corruptos, mulheres infiéis e policiais violentos. Todos com algo em comum: a ambição.
Nessa obra, Josué Guimarães usa do humor e do cinismo para criar um microcosmo com todos os tipos possíveis de ser encontrados na sociedade brasileira dos anos 30. Uma obra-prima no melhor estilo do realismo fantástico. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário