segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Cinema nacional: O palhaço

Quando assistimos a um filme sobre a vida de um palhaço, imaginamos logo que se trata de uma comédia. Não é o caso de O palhaço (2011), segundo trabalho de Selton Melo como diretor (o primeiro foi Feliz Natal), que é um misto de drama e humor. Interpretando o personagem-título, Benjamim (ou Pangaré), um palhaço sem carteira de identidade, CPF e comprovante de residência, Selton Melo aborda um tema universal, a busca da identidade própria, mas num universo bastante particular, o mundo do circo.
Benjamim trabalha no Circo Esperança, interpretando o palhaço Pangaré, que forma dupla com seu pai, Valdemar (Paulo José), o palhaço Puro-Sangue. No entanto, Benjamim passa por uma crise existencial, mesmo interpretando um personagem engraçado, ele não vê graça no que faz. Pangaré é um palhaço que não rir! Todo seu conflito resume-se em uma das suas falas: “Eu faço as pessoas rirem, mas quem me faz rir?”. Sempre tentando comprar um ventilador (minha profunda cultura filosófica não conseguiu entender a complexidade por trás da obsessão de Benjamim por um ventilador), conseguindo pela falta dos documentos, o palhaço resolve largar a trupe e resolver seus problemas existenciais.
Cheio de mensagens subliminares, o filme, por trás do drama existencialista de Benjamim, abre espaço para uma homenagem ao humor brasileiro e à família circense. É um filme que diverte e emociona, talvez seja essa a intenção de Selton ao intercalar momentos de dramas com momentos de humor. É um filme bem feito, graças não apenas à competência de Selton como diretor, mas principalmente pela força do elenco, com uma interpretação impecável de Paulo José e um elenco de apoio que não decepciona.    

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