quarta-feira, 7 de setembro de 2011

A voz que mora em mim

Ontem foi o dia do sexo. Fui lembrado da data pelos amigos nas redes sociais da internet. Foi impossível lembrar sozinho por absoluta falta de prática. Não o pratiquei por falta de opções. Só me restaria o pecado solitário, para o qual não estava com estado de espírito. A data passou em branco. Alguns amigos na internet postaram algumas coisas ridiculamente poéticas, algo muito comum nas redes sociais, como “seja bacana, só faça sexo com quem você ama”. A voz que mora em mim diz que se você for fazer sexo somente com quem se ama, corre-se um sério risco de morrer virgem. Tem que fazer sexo com quem você sente tesão e quer transar com você.

Alguns associam o sexo ao amor. Fazer sexo com quem se ama é muito bom, não há dúvidas. Mas a voz que mora em mim diz que fazer sexo com a gostosona que você nunca mais vai ver na vida é bom também. Outros mais conservadores associam o sexo ao casamento, recomendando aquele para depois desse. A voz que mora em mim diz que o sexo tem que ser feito antes do casamento, por que depois ele declina vertiginosamente. O casamento é o túmulo da luxúria! Não há criatividade que sobreviva ao matrimônio. Já recomendaram o sexo apenas para reprodução. A voz que mora em mim recomenda apenas para recreação. Filhos representam o limbo da lascívia. As convenções sociais determinam que o sexo tem que ser a dois. A voz que mora em mim diz que tem que ser com quantos couberem na relação, inclusive sozinho (a única ocasião em que se tem certeza que estamos fazendo sexo com quem amamos). Só não pode ser com ninguém.

Há o sexo com amor, o sexo convencional (que horror), o sexo tântrico (tétrico), o sexo criativo, o sexo sacana (esse é bom!), o sexo coletivo, o sexo livre. Há sexo para todos os gostos. A voz que mora em mim diz que, mais importante do que o tipo de sexo que se faça, é ter vontade de fazer sexo. A castidade é a pior das perversões sexuais. Torna a vida amarga, cinzenta, sem brilho. O sexo é indecente? A voz que mora em mim fala que somente quando bem feito. Por isso recomenda-se a companhia dos indecentes. O sexo é tão fundamental nas nossas vidas que, mesmo depois de milhares de anos de uso, ainda desperta interesse. A voz que mora em mim tem sempre razão.

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