segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O chato

Não existe nada mais chato do que o chato. Tem chato em todo canto e pra todos os gostos, se é que existe gosto pra suportar um chato. O chato é aquele sujeito que sabe tudo, de fofoca de celebridades a física quântica. É aquele sujeito que se não for convidado se convida, mesmo contra todas as evidências de que ninguém o quer por perto. É aquele sujeito que, ao aproximar-se o seu aniversário, pede presente a todo mundo. É aquele sujeito que só fala cutucando ou quase beijando o interlocutor (piora um pouco quando o chato tem mal hálito). É aquele sujeito que só sabe conversar o “papo-cabeça intelectualóide”, mesmo quando a ocasião pede uma conversa mais descontraída. Todo chato começa a sua frase com “Fica chato dizer isso, mas...” se fica chato, cala a boca, porra! O IBAMA nunca precisará se preocupar com o chato. É uma espécie que nunca correrá o risco de extinção.

Existe um tipo de chato extraordinariamente chato. É o chato evangélico. Perdoem-me os conhecidos evangélicos que não são chatos, mas o chato evangélico é insuportavelmente chato. O cara bate na porta da tua casa pra dizer que “Jesus está voltando”. Se eu não tava nem aí pra ida dele, imagine a volta. Deixa o cidadão voltar! O cara te para no meio da rua pra dizer que “só Jesus salva”. Isso além de chato é, no mínimo, um desrespeito aos socorristas do SAMU e do Corpo de Bombeiros. E o chato evangélico não é um chato qualquer. Eles acreditam que sua chatice (que eles não acham chato) é respaldada pelo Onipresente, Onisciente e Onipotente. Pelo Todo Poderoso. Pelo Pai. Portanto é uma chatice pretensamente divina.

Ontem os chatos evangélicos deram mais uma demonstração de sua chatice. Um grupo postou-se na entrada da Cidade do Rock, no Rio de Janeiro, para questionar o slogan do Rock In Rio, “Por um mundo melhor”. Em a metaleiros com camisetas pretas, um grupo de religiosos exibia uma faixa com a frase: “Por um mundo melhor? Só Jesus.” Imaginemos a situação inversa: na porta de uma igreja, onde rapazes bem comportados de terno e Bíblia de baixo do braço e moças ainda mais comportadas com seus longos vestidos e cabelos amarrados entoam aqueles chatíssimos hinos, um grupo de roqueiros resolve instalar uma caixa acústica, ligar suas guitarras e bateria e cantar aquelas músicas não menos chatas que ninguém consegue entender patavina. Seria a guerra santa! A luta de Deus contra o capeta! Quem venceria? A chatice.

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