quarta-feira, 22 de março de 2017

The 42nd Street Band – Renato Russo

Durante a juventude, Renato Manfredini Jr. foi acometido pela epifisiólise, uma doença rara que provoca fortes dores nos ossos. Entre os quinze e os dezesseis anos, o futuro astro do rock nacional foi obrigado a ficar preso a uma cama por causa de uma cirurgia mal sucedida (um pino foi aplicado sobre seu nervo) e nesse período de convalescência e ócio, escreveu a história de uma banda imaginária. Esses manuscritos ficaram longe dos olhos do público até o ano passado, quando foram reunidos pelo seu filho, Giuliano Manfredini, e lançado em livro durante as homenagens pelos 20 anos da morte do músico.
Todo escrito em inglês, o material estava disperso em cadernos e folhas soltas e deu origem a The 42nd Street Band, a história de uma banda inglesa homônima formada pelos primos Eric Russel (homenagem a Jean-Jacques Rousseau e Bertrand Russell, que Renato adotaria mais tarde como nome artístico, mudando-o para Russo), Jesse Philips e Nick Beauvy. Nos textos reunidos, Renato mistura realidade e imaginação, colocando na história personagens reais, como Mick Taylor, dos Rolling Stones, e fictícios. Como também faz referências a musicas e álbuns que existiram de fato.
É possível também observar um prenúncio do que viria a ser Renato como astro do rock nacional. Vestígios e traços das letras e nomes de músicas da banda imaginária apareceram mais tarde em músicas feitas pelo músico durante a sua carreira. Mas o livro é confuso. A narrativa, muitas vezes, começa e termina de forma abrupta, como também apresenta repetições e divergências de informações. Na “Nota Editorial”, no início do livro, esses “deslizes” são creditados ao fato do material ter sido encontrado “espalhado”. Mas a imagem que fica é a de que o livro é tão somente uma forma de ganhar algum dinheiro a mais com a imagem do músico, pegando uma carona nas homenagens dos 20 anos de sua morte. Em outras palavras, uma obra “caça-níquel”, perfeitamente dispensável.

No entanto, apesar de ser uma obra dispensável até mesmo para o mais apaixonado dos fãs do Renato e da Legião Urbana, como eu, o livro nos deixa duas conclusões sobre o músico. A primeira delas é que Renato Russo vivia e respirava música desde a mais tenra idade. A segunda conclusão é de que devemos comemorar a fato dele não ter se tornado escritor. Ganharíamos um romancista sofrível e perderíamos um músico genial.            

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