quarta-feira, 15 de março de 2017

Meninos em fúria: e o som que mudou a música para sempre - Marcelo Rubens Paiva e Clemente Tadeu Nascimento

“O rock’n’roll é rebelião, não consumo!”
Fruto da parceria do jornalista e escritor Marcelo Rubens Paiva com o baixista e vocalista da banda punk Inocentes Clemente Tadeu Nascimento, Meninos em fúria: e o som que mudou a música para sempre, publicado em 2016, faz um registro da história do rock brasileiro, mais especificamente do punk. Originalmente, segundo o depoimento dos autores, a livro era para ser uma biografia do Clemente, um dos precursores do punk rock no Brasil. No entanto, por algum motivo não explicado (e acredito que nem eles saibam), o livro se transformou numa compilação de memórias dos dois: um velho punk de meia idade e um jornalista quase punk também de meia idade, ambos com muitas histórias para contar.
“Na ditadura, nossos pensamentos eram vedados, nossas palavras, mais ainda, mas nossos corpos eram livres. Nossos corpos e cabelos eram a nossa única possibilidade de expressão”.
Marcelo Rubens Paiva, veterano escritor, autor do best-seller Feliz ano velho (1981), mostra que é um competente contador de histórias e anedotas. Nos dois primeiros capítulos, Paiva de dedica a mostrar, sempre em primeira pessoa, a cena musical brasileira no final dos anos 70 e início dos anos 80. Por coincidência, na mesma época em que sofreu o acidente que o deixou paraplégico, tema do seu primeiro livro. Muito próximo do ambiente musical da época, ensaiava os primeiros passos como músico (e estudante universitário) quando sofreu o acidente. Esse fato, porém, não impediu Paiva de continuar frequentando os shows das bandas que surgiam.
“Algo difícil de explicar do mundo punk: o sucesso não interessava. O sucesso é burguês. Fazer sucesso é ceder”.

Já clemente é o fio condutor da narrativa. De origem humilde, sempre foi obcecado por música. Em 1978, aos quinze anos, iniciou sua carreira como baixista da banda Restos de Nada, considerada a primeira banda punk do Brasil. Em 1981, foi um dos fundadores da banda Inocentes, até hoje em atividade. Era uma época conturbada, além da repressão da polícia à qualquer movimento cultural que fosse visto como “subversivo”, os próprio punks também não se entendiam. As tretas entre os punks de são Paulo, entre os quais Clemente, com os punks do ABC eram frequentes. Como se fosse num bate papo numa roda de amigos, Marcelo Rubens Paiva e Clemente usam as próprias experiências para falar de uma época em que o país passava por intensas mudanças políticas, sociais, econômicas e, por que não dizer, musical também.   

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