segunda-feira, 11 de maio de 2015

Papel no fogo

Qual a diferença entre um rolo do papel higiênico e um exemplar da Bíblia? A utilidade. O que aconteceria se você queimasse um exemplar de cada em cima de um palco? Você iria sentir falta do primeiro. E por que estou falando isso? Por que criou-se uma celeuma desnecessária por que um estudante, vocalista de uma banda de punk rock de nome ridículo (Violação anal), resolveu queimar um exemplar da Bíblia durante um show no 4º Encontro Nacional de Ateus, em Rio Branco, no Acre.
Logo apareceram devotos ofendidíssimos com o ato, como se o arremedo de cantor tivesse queimado o próprio Cristo. Entre eles, como não podia deixar de ser, estava o deputado Marcos Feliciano, aquele que tem uma relação com o movimento gay que só Freud explica. O devoto deputado discursou “com enorme indignação” na tribuna da Câmara contra “tão nefasto evento”, lembrando que queimar a Bíblia é crime de vilipêndio a símbolo religioso. Lembra ao deputado que matar homossexuais é crime de homofobia!
E se o desafinado cantor tivesse queimado uma gramática ou um dicionário? Será que algum deputado subiria na tribuna para cobrar providências contra “fatos lamentáveis como esse”? A resposta é não! Mas queimar um livro que traz um apanhado de lendas logo causa comichões em espíritos mais sensíveis. Me causa repulsa esse melindre de alguns cristãos (principalmente protestantes).
Não se pode falar nada contra esse deus imaginário ou qualquer outro símbolo religioso cristão que logo aparece meia dúzia de ofendidos querendo “apurar responsabilidades”. Joguinho de cena para agradar aos seus eleitores, aqueles ignorantes que andam com uma potente Bíblia de baixo do braço e vestem um terno fedendo a naftalina e dois números maiores.  São os mesmos pastores que dizem que a “macumba é coisa do demônio”. Isso não é macular a imagem de uma religião!
Esses mesmos “indignados” líderes religiosos são os que vomitam nas suas orações o ódio aos homossexuais por que a tão sagrada bíblia diz que isso “não é de deus”. Poupe-nos desse discurso pseudo religioso!  E quanto aos seus seguidores: vão estudar! Quem sabe assim não serão vítimas incautas de oportunistas como o deputado Marcos Feliciano.      

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