quarta-feira, 27 de maio de 2015

Do céu ao inferno



No último domingo (24), o avião em que viajavam os apresentadores Luciano Hulk e Angélica fez um pouso forçado em Mato Grosso do Sul. Na companhia dos três filhos, de duas babás, além de dois tripulantes, o casal global viveu momentos de terror quando a aeronave pousou no meio de uma fazenda, provocando ferimentos em todos a bordo. Os feridos foram levados de ambulâncias do SAMU ou em carros particulares para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento), no caso dos tripulantes, e os demais para a Santa Casa de Campo Grande, que atende pelo SUS (Sistema Único de saúde).
Para quem estava no céu e foi obrigado a fazer um pouso de emergência, ser atendido no SUS equivaleria a ir ao inferno. Certo? Luciano Hulk discorda e diz que foi muito bem atendido, que os funcionários da Santa Casa foram muito “Carinhosos” com ele e a esposa. Então vamos comemorar a qualidade do atendimento da Santa Casa de Campo Grande? Que nada! Segundo o coordenador do SAMU em Campo Grande, Eduardo Cury, desde o dia anterior, o hospital negara vagas para seis pacientes, alegando não possuir leitos disponíveis. Inclusive um deles, uma senhora de 53 anos, teria ido a óbito.
Segundo ele, houve um atendimento privilegiado às estrelas globais em detrimento de pacientes “anônimos”. Ainda segundo Cury, pacientes de baixa complexidade, como era o caso dos apresentadores, deveriam ser encaminhado para alguma UPA, ficando a cargo do hospital apenas pacientes de alta complexidade, com grave risco de vida. Hulk e Angélica não apenas foram atendidos na Santa Casa, como ela foi encaminhada para a UTI, “privilégio” negado a outros pacientes, uma vez que o hospital tem alegado que não dispõe de vagas de tratamento intensivo.
Nada contra ao tratamento dado ao Luciano Hulk e família. O que eu queria era que esse mesmo tratamento VIP fosse dispensado a todos os pacientes do SUS que procuram os hospitais públicos país afora e o que encontram é hospitais mal aparelhados, falta de médicos e leitos, agonia e morte a míngua. Gostaria que o mesmo sistema falido que dispensou às estrelas globais um atendimento suíço, parasse de oferecer um atendimento liberiano ao restante da população.
Enquanto celebridades recebem tratamento VIP até em fila do SUS, os “sem fama” descem ao inferno todas as vezes que precisam recorrer à saúde pública. Nesse buraco chamado Brasil, seria querer demais que alguém não recebesse uma atenção privilegiada em algum lugar.
  

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