quarta-feira, 18 de abril de 2012

Tempo, tempo, tempo

Tempo, tempo, tempo. Dias, meses, anos e décadas. Três décadas. No escuro, o tempo cessa de ser tempo e o espaço de ser espaço. Como será o tempo pra quem não é mais? Mas onde estarás? Estarás no escuro? Pra quem fica o tempo voa. Típico das abstrações. Para onde o trânsito o terá levado? Da voz, quase nada. Do olhar, apenas uma 3X4. Do caminhar, apenas as pernas finas e ligeiramente tortas, a fragilidade infantil. Das brincadeiras, muitas lembranças. Futebol, pião, bola de gude, carrinhos de ferro, falco, correria na escola. Para onde o trânsito o levou?

Tempo, tempo, tempo. As vestes da imortalidade não nos pertencem. Restam-nos a enormidade da morte e as vagas lembranças que o tempo não conseguiu varrer. O que teria sido da pequenez da vida se não fosse a máquina fatídica? Filhos, família, cidadão modelo? Nunca saberemos! O tempo não anda pra trás. Anda incólume, sorrateiro, invencível, rumo ao desconhecido. Para ti, a barca cruzou o rio. Fiquei a olhar a correnteza. Por ela vi passar brinquedos, brincadeiras de criança, desavenças logo vencidas pelas avenças.

Tempo, tempo, tempo. Por onde andas? O que terá sido de ti? Nunca saberei! Ou saberei? Nunca saberás das novas gerações. Ou sabes? O que teria sido dessas três décadas se a imprudência não tivesse cruzado o teu caminho? Carro, casa, emprego, faturas? Nunca hei de saber! Planos para uma vida não vivida. Para ti, o tempo deixou de ser tempo. O espaço deixou de ser espaço. Não verás nada passar. Hoje, hoje, hoje...

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