quarta-feira, 5 de maio de 2010

Polêmica desnecessária

A nudez da atriz Malu Rodrigues (na foto ao lado), de 16 anos, no musical “O despertar da primavera” gerou polêmica. O Ministério Público de São Paulo e do Rio de Janeiro estão apurando se os responsáveis pela peça infringiram o artigo 240 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que considera crime “produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente”. Segundo a atriz, “é uma peça poética” e ela só mostraria o seio direito em uma cena rápida que fecha o primeiro ato.
O pai da jovem afirma que, em nenhum momento nos dez meses em que a peça está em cartaz, ninguém saiu chamando a moça de “gostosa ou piranha”. Cacá Rosset, ator e diretor de teatro, disse que a obra “discute o despertar da sexualidade de forma extremamente poética”. A atriz Flávia Monteiro (que fez cenas de sexo aos 14 anos no filme “A menina do lado”, em 1986) chama a atenção para o contexto em que a jovem expõe o corpo. “Estamos falando de uma atriz que está fazendo isso (mostrando o seio) no palco. Não está se prostituindo. Não está sendo violentada”, falou a atriz.
Poético ou pornográfico, o fato é que é uma polêmica inútil e desnecessária. O pai da atriz não deixa de ter razão. Se a jovem estivesse mostrando os seios e algo mais numa casa noturna, o contexto seria outro e justificaria a investigação por parte do Ministério Público. Sem contar que a polêmica carrega consigo uma contradição e uma hipocrisia sem tamanho. O jovem de 16 anos pode votar; o jovem de 16 anos quer dirigir; a sociedade quer que o jovem de 16 anos responda criminalmente pelos seus atos (antecipação da maioridade penal). Então, por que o jovem de 16 anos não pode posar nu ou fazer sexo (pago ou gratuito)? Fica a pergunta.

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