domingo, 10 de setembro de 2017

Paulo Leminski e a Poesia Marginal

Toda arte tem que ser transgressora. Se não transgride, não transforma, não cumpre integralmente seu papel de indagar, questionar e transformar. A Poesia Marginal, ou Geração Mimeógrafo, surgiu nos anos 70 para burlar a censura imposta pela Ditadura Militar aos movimentos culturais da época. Intelectuais, professores universitários, agitadores culturais, poetas e artistas em geral, inspirados nos movimentos de contracultura, buscaram burlar a censura criando novos meios de divulgação da arte e da cultura brasileira (música, cinema, teatro, artes plásticas).  
"O Paulo Leminski / é um cachorro louco / que deve ser morto / a pau a pedra / a fogo a pique / senão é bem capaz / o filhadaputa / de fazer chover / em nosso piquenique".
Uma das vertentes desse movimento sociocultural e artístico é a poesia marginal, contrária a qualquer modelo literário, não se encaixando em nenhuma escola ou tradição literária. Dentre esses poetas de linguagem espontânea, coloquial e sarcástica, se destaca Paulo Leminski, um curitibano filho de pai de origem polonesa e mãe de origem negra, que teria feito 73 anos no ultimo dia 24 de agosto. Dono de uma personalidade singular, encarnou o que havia de mais original na Geração Mimeógrafo: o inconformismo e a rebeldia. Poeta, romancista, tradutor e crítico literário, Leminski ganhava a vida como professor de História em cursinhos de pré-vestibular.
“Nunca cometo o mesmo erro / duas vezes / já cometo duas três / quatro cinco seis / até esse erro aprender / que só o erro tem vez”

Estreou na poesia em 1964, aos 20 anos, com cinco poemas na revista Invenção, dirigida por Décio Pignatari. Desde então, passou a produzir compulsivamente poemas, haicai, ensaios e, nos anos 80, arriscou-se como letrista, compondo Verdura, de 1981, gravada por Caetano Veloso (De repente/Vendi meus filhos/A uma família americana/Eles têm carro/Eles têm grana/Eles têm casa/A grama é bacana/Só assim eles podem voltar/E pegar um sol em Copacabana), além de músicas para Paulinho da Viola, A Cor do Som e Paulinho Boca de Cantor. Fluente em seis idiomas (inglês, francês, latim, grego, japonês, espanhol), entre os anos de 1984 e 1986 traduziu obras de John fante, John Lennon e Samuel Beckett.  Paulo Leminski Filho morreu em 07 de junho de 1989, aos 44 anos, de cirrose hepática. 

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