quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Santuário – William Faulkner

“É por isso que a natureza é feminina e o progresso é masculino; a natureza fez a videira e o progresso inventou o espelho”.
Publicado em 1931, um ano depois de Enquanto agonizo, Santuário é fruto da determinação de Faulkner em escrever um romance policial. Quatro meses depois, livro concluído, o autor tinha em mãos uma ficção com o que há de mais sórdido e macabro. Mas não era um romance policial, era o que Malraux definiria como uma tragédia grega transplantada para o policial”. Uma obra dura, intensa que esquadrinha o que há de pior na natureza humana, cujo título ilude, já que o Santuário descrito nada mais é do que um mundo de lassidão moral maquiado por convenções sociais que são distorcidas de acordo com a conveniência de cada um. 
“Estou começando a acreditar o que dizem dos mais moços de hoje, que aprendem as coisas para poder casar-se, ao passo que no meu tempo era o contrário: casavam-se para aprender”.
Numa pequena cidade do sul dos Estados Unidos, Temple, uma mocinha da alta sociedade local, filha de um juiz abastado, sai para uma bebedeira com um dos seus namorados e, após um acidente vai parar numa destilaria ilegal de conhecidos do namorado da moça, um ambiente insalubre sob todos os pontos de vista. Lá vivem Lee Goldwin e Ruby, mulher que abriu mão de tudo por Lee e com quem tem um filho; Popeye, um gangster sádico marcado por uma infância traumática, que fica enfeitiçado por Temple; e um negro que ajuda nas tarefas cotidianas. Lee será acusado de assassinato e caberá ao sonhador advogado Horace Benbow livrá-lo da acusação.
“A igreja nada tem que ver com política, e as mulheres com nenhuma das duas, e muito menos com a lei”.    
A tarefa de Horace não será das mais fáceis. Numa sociedade conservadora a situação de Lee não era vista com bons olhos: era um criminoso, pois fabricava e vendia bebida alcoólica, o que era proibido pela lei Seca; tinha um filho e mantinha uma relação de concubinato com Ruby, uma ex-prostituta que fizera de tudo para tirar Lee da cadeia em outra ocasião. Popeye, o provável assassino, é uma figura curiosa. Frio e sanguinário, é impotente em decorrência dos traumas de infância, usando de amigos para satisfazer a jovem Temple, que o teme por saber da sua periculosidade. Está nas mãos da jovem o destino de Lee.   

Nenhum comentário:

Postar um comentário