sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Biblioteca José Mindlin


Semana passada, assisti no Canal Brasil um documentário sobre a biblioteca do José Mindlin. Confesso que senti aquela pontinha de inveja, mas uma inveja benéfica, bonita, de quem quer ter uma igualzinha. É aquela inveja que se sente de quem tem a mesma paixão que a gente, os livros. O tamanho do acervo que o bibliófilo construiu ao longo de quase 80 anos é impreciso: varia, de acordo com a fonte, entre 35 e 40 mil volumes de literatura brasileira e portuguesa, relatos de viagens, manuscritos históricos, periódicos, livros científicos, iconografias e gravuras.
José Ephim Mindlin nasceu em São Paulo em 1914, filho de imigrantes judeus ucranianos. Formou-se em direito em 1936, mas largou a profissão para fundar, em 1950, a Metal Leve, pioneira na pesquisa e desenvolvimento tecnológico na área de autopeças, que presidiu até 1996. Casou com a restauradora de livros Guita Mindlin, com quem ficou casado por mais de 50 anos. Comprou seu primeiro livro aos treze anos, Discours sur l’HistoireUniverselle, de Jacques Bossuet, de 1740. E não parou mais! Certa vez, questionado se tinha algum livro predileto entre os que colecionou ao longo da vida, respondeu que uma das características da bibliofilia era a poligamia: "Não há como dizer prefiro este ou aquele", afirmou.
Entre as preciosidades da biblioteca de José Mindlin está a versão original de Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa, as primeiras edições de obras como Os Lusíadas, de Camões, O guarani, de José de Alencar e A moreninha, Joaquim Manuel de Macedo. Outra raridade é um exemplar autografado por Machado de Assis. Em 2006, Mindlin foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, sucedendo Josué Montello na cadeira número 29.
No mesmo ano, Mindlin resolveu doar todo seu acervo para a Universidade de São Paulo, formando a Biblioteca Brasiliana Guida e José Mindlin, podendo ser acessada pelo link http://brasiliana.usp.br/bbm_livros. Eu e Guita (já falecida na época) éramos os guardiães destes livros que são um bem público”, afirmou na ocasião para justificar a doação. José Mindlin morreu em 28 de fevereiro de 2010. 

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