Depois de ter criado Mariana em A casa da água, primeiro volume da
trilogia Alma da África, Antonio
Olinto dá à luz a outro mulher forte em O
rei de Keto, volume 2 da mesma trilogia: Abionam, uma andarilha infatigável
que ganha a vida de mercado em mercado. A partir de um provérbio ioruba, “Mãe é
ouro, pai é vidro”, Olinto retrata uma sociedade predominantemente feminina.
Abionam, amiga da velha Mariana
do primeiro volume e pertencente a uma das cinco famílias reais de Keto, sonha
em ter um filho que se tornará rei. Como o primeiro, Adeniran, morreu, ela vive
planejando em ter um novo Adeniram. Enquanto isso, lembra sua existência
sofrida e as viagens que fez com a mãe. O livro trás aspectos das crenças dos
iorubas, contados pelo adivinho Fatogum, e aspectos universais, como a ganância
pelo poder, motivo pelo qual Abionam acredita que o filho tenha sido morto pelo
tio.
Lançado originalmente em 1980,
traz no seu final um relato de grande beleza literária, quando Abionam se deixa
possuir pelo homem que deixará a semente de Adeniram, o futuro rei de Keto, em
baixo de um baobá, o mesmo lugar em que nasceu e enterrou o primeiro filho. Um
livro fundamental para quem deseja desvendar a cultura africana.
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