- Tive um sonho estranho.
- Que sonho?
- Sonhei com Deus.
- Estranho não, cara. Legal
sonhar com Deus. Sonhou o que?
- Ele falou pra mim que não
existe.
- Você tá louco? Como você diz
uma coisa dessas?
- Louco tá Ele! Foi Ele que
disse.
- Tá louco de novo? Chamando Deus
de louco?
- Eu não disse nada. Foi Ele que
falou que não existe.
- Sonho estranho.
- Põe estranho nisso.
- E o que mais Ele disse?
- Nada. Só disse: “Eu não
existo”.
- Estranho. O que mais?
- Nada. Só isso.
- E como ele era?
- Não era.
- ?
- Não era, cara. Não era.
- Como “não era”?
- Se era, não vi. Só ouvi.
- Acho que você tá ficando louco.
- Eu? Louco?
- É.
- O Próprio me “aparece” em sonho
dizendo que não existe, você duvida d’Ele e o louco sou eu.
- Você é louco por ter sonhado
essa loucura.
- Eu não sonhei por que quis eu
não pedi pra sonhar. Sonhei por que sonhei.
- Você está precisando rezar.
- Estou?
- Está.
- Por quê?
- Você está perturbado. Precisa pensar em
jesus.
- E porque eu preciso pensar
nele?
- Ele pagou com a vida o preço
dos nossos pecados. Somente ele pode lhe trazer paz.
- Se ele já fez isso por mim,
então estou livre. Não devo mais nada.
- Pra onde você vai?
- Dormir, ver se Ele tem mais
alguma coisa pra me dizer.
Não deixa de ser engraçado ouvir o Próprio Deus afirmando não existir. Para afirmar tal coisa, precisa existir. O nada não é capaz de produzir o que quer que seja. Mesmo meras afirmações, não podem advir do nada.
ResponderExcluirA citação daquilo que se atribui a Jeus, no que concerne à sua missão, numa interpretação mais próxima da teologia católica, em verdade, não tem muita procedência. Ele não morreu, e o seu sangue não foi derramado para nos salvar, e nós não estamos livres dos nossos erros. A mensagem crística é para que observemos atos como o perdão, a caridade, o amor ao próximo, e a Deus, dentre outros, no intuito de evoluirmos, em termos de condição humana. O que significa evolução espiritual, em termos intelecto-morais.
A morte de Jesus é crime político-religioso. Político no que diz respeito às relações entre Roma, e Jerusalem. E religioso, no sentido institucional, longe de sê-lo no aspecto espiritual, por que afeta os Doutores da Lei, em seus comportamentos distanciados da verdadeira Lei: universal, natural, e, portanto, divina.
Pensar em Jesus vai muito além de adotar uma religião, qualquer que seja ela. É pensar em uma filosofia de vida. E esta não pode dispensar a procura por uma compreensão da realidade, em bases, também, científicas, e filosóficas. Só a fé cega, dogmática, institucionalizada, é que leva o homem ao erro, de toda ordem.
A fé precisa ser raciocinada, lógica, pensada, refletida, pesquisada. Aspectos morais podem, e devem possuir um sentido religioso. Jamais um sentido religionário. A religiosidade é inata, e não pode ser objeto, ou motivo de dogmatização. Mas, de racionalidade. A caridade independe de instituições. É algo que está na condição humana. Fazê-la, ainda que não se perceba, é estar no Caminho.