terça-feira, 29 de maio de 2012

O corpo como um mural artístico


O homem sempre encarou, mesmo que inconscientemente, seu corpo como um mural artístico. No decorrer da história sempre adornamos nosso corpo. E o adorno não representa apenas um caráter estético, é também uma afirmação de individualidade perante os demais membros da coletividade. Em tempos idos, distinguia profissões, religiões, status e autoridade. Existem aqueles adornos removíveis, como pulseiras, brincos, braceletes, piercing, até mesmo a vestimenta. Como também há os adornos definitivos, como as tatuagens. E ainda os mais radicais, que implantam chifres, modificam a dentição e as orelhas, como a mexicana Maria José Cristerna, na foto acima, antes e depois da transformação. 
A pré-história contém vestígios de povos que cobriam o corpo com desenhos. Há registros de múmias tatuadas com mais de 4 mil anos no Egito. Mas apesar da tradição de pintar o corpo, o papa Adriano I a proibiu em 787, sob a alegação de que era coisa do demônio. Essa tradição foi constatada pelo navegador inglês James Cook, no século XVIII, e pelo pesquisador Charles Darwin, no século XIX. Por onde passaram, da Polinésia à América do Sul, constataram a tradição dos povos de marcar o corpo com tintas, por razões várias.
Apesar de toda essa tradição, e da apreciação que os orientais têm pela tatuagem, o Ocidente ainda vê os desenhos no corpo (e os adornos, de modo geral) com desconfiança. Não discuto o gosto de certos adornos, mas o direito de usufruir do seu corpo (e enfeitá-lo) como quiser. Sentir-se bem com o seu corpo é pré-requisito indispensável para obter qualidade de vida e saúde mental. O corpo, tão comum, pode transformar-se numa obra de arte singular, que faz bem ao dono e a quem o aprecia.  

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